Jimmy Jump. “Quero fazer as pazes com Cristiano Ronaldo”


Lembra-se do “Onde está o Wally?” Jaume Marquet i Cot, mais conhecido como Jimmy Jump, é o mais parecido que há com essa figura. Com aquele barrete e tudo. Só há um pormenor: o catalão não é um cromo de banda desenhada. É um cromo, ponto. Nascido em Março de 1976, tem 36 anos e…


Lembra-se do “Onde está o Wally?” Jaume Marquet i Cot, mais conhecido como Jimmy Jump, é o mais parecido que há com essa figura. Com aquele barrete e tudo. Só há um pormenor: o catalão não é um cromo de banda desenhada. É um cromo, ponto. Nascido em Março de 1976, tem 36 anos e ameaça aparecer no Euro-2012. Poderá ser hoje no Portugal-Espanha ou amanhã no Alemanha-Itália ou mesmo domingo no Port… Logo se vê.

Há quem suspire por 15 segundos de fama. Jimmy Jump exagera. Daquela invasão a meio da final do Euro-2004 entre Portugal e Grécia até hoje, o invasor catalão multiplica-se de 15 em 15 segundos. Ao todo já leva umas horas de fama, seja em eventos desportivos (futebol, râguebi, pólo aquático, basquetebol, hipismo, Fórmula 1), seja em musicais ou moda. E é um globetrotter (Europa, América do Sul, África e Ásia). O que lhe falta? Ser entrevistado pelo i é que já não é.

Boa tarde, Jimmy. Somos do jornal i, de Portugal.

Olá, amigos portugueses, que tal? Era óptimo que se repetisse a final de 2004 entre Portugal e Grécia, não era? É pena porque eu tinha apostado em Portugal a eliminar República Checa e Grécia e Inglaterra a afastar Alemanha e Itália. Mas continua tudo muito emocionante. Talvez este ano o Euro vá para Cristiano Ronaldo, embora nós aqui em Barcelona não lhe achemos muita graça, como a Luís Figo e Mr. Mourinho. Ah ah ah!

Pois… em 2004 saltaste para o relvado durante a final Portugal-Grécia e atiraste uma bandeira à cara de Figo. Foste agarrado e posto fora do Estádio da Luz. A polícia tratou-te bem?

Foi uma diversão sem fim. Convidaram–me para beber uma taça de champanhe e deixaram-me fumar um cigarro. Antes de sair da esquadra houve tempo para me tirarem fotografias e assinar uns autógrafos. Tudo foi muito bonito porque Deus esteve comigo. Foi um salto divino, esse o da Luz. Normalmente, pegam–te forte, mas em Lisboa foram uns polícias muito amáveis. Além da beleza do Estádio da Luz e do Bairro Alto. A ver o que acontece na Polónia ou na Ucrânia. Se é que vou saltar…

No Europeu seguinte (2008) saltaste na meia-final entre Alemanha e Turquia com uma camisola a favor do Tibete (Tibete não é China). Recebeste muito apoio depois dessa demonstração política?

Os tibetanos contactaram-me depois do salto e felicitaram-me. Esse salto político foi em Basileia, onde as pessoas se preocupam com os direitos humanos e nem uma hora estive na esquadra da polícia. Mais uma vez, Deus ajudou-me.

Em 2012 tens planos para aparecer em Kiev?

Primeiro vamos ver quem vai à final. Se fosse Portugal-Grécia é que era, mas já não dá. Assim sendo, espero que vá Portugal, para fazer as pazes com Cristiano depois de lançar a bandeira à cara de Figo.

Nestas dezenas de saltos quanto é que já pagaste de multa?

Uffff, muito. Seguramente mais de 200 mil euros. Não sei o que fazer. Preciso de um patrocínio ou de alguém rico que me ajude a continuar a saltar pelo mundo fora. Afinal preparo-me tanto para estes eventos como um jogador de futebol a rematar à baliza para marcar golos.

Qual foi a tua multa mais cara?

Acho que a de 60 mil euros [imposta pelo comité antiviolência do futebol espanhol] no Villarreal-Arsenal [meias-finais da Liga dos Campeões 2006]. Entrei lá e atirei uma camisola do Barcelona com o número 14 à cara do Henry. E não é que ele assinou pelo Barcelona no ano seguinte?

60 mil euros? Num Villarreal-Arsenal? Imagino então a final do Mundial-2010…

Aí foram 200 euros.

Duzentos euros ou duzentos mil euros?

Du-zen-tos euros.

Não foi esse o ano em que perturbaste o Festival da Canção em Oslo?

Ah ah ah ah. Isso mesmo, a meio da música espanhola. Quero aproveitar para renovar as minhas desculpas sinceras ao Daniel Diges. Foi o meu primeiro salto musical e escolhi fazê-lo naquele momento para homenagear o Michael Jackson. Fui preso e passei a noite na cela a dançar rock and roll. Eu a rir-me e eles [os guardas] a olharem para mim, sem saber o que fazer. Ah ah ah!

Quanto é que pagaste de multa?

Eu não paguei nada, foi um empresário norueguês que se chegou à frente. Foram 15 mil coroas norueguesas [1800 euros], se bem me lembro.

Alguma vez foste mal sucedido em todos os aspectos?

Sim, em Istambul, na final da Liga dos Campeões entre Milan e Liverpool, em 2007. Invadi o campo com uma bandeira grega e não me filmaram.

E quando é que foste realmente bem sucedido?

Cada salto é uma alegria, mesmo que a polícia me detenha. No do Portugal-Grécia em 2004 consegui os meus intentos. O do Alemanha-Turquia em 2008 também. O do Mundial-2010 já não, está claro. Queria meter o barrete na taça e fui impedido à justa. Olha, em 2010…

Mais uma nesse ano?

É verdade, em Setembro. Cidade: Budapeste.

Foste lá fazer o quê?

Relembrar Kubala [estrela do Barcelona nos anos 50/60] no dérbi húngaro de Ujpest [entre Ujpest e Ferencváros]. Cumprimentei dois jogadores, peguei na bola, marquei um golo e só depois é que fui travado pela autoridade, quando já festejava a planar na relva. Antes, em Julho…

Entre a final do Mundial-2010 e o campeonato húngaro?

Exacto. Em Julho de 2010 invadi o campo em St. Pauli com uma bandeira pirata [símbolo dos adeptos ultras da casa] antes de o jogo começar e tentei fazer um chapéu ao guarda-redes. Uyyy, a bola saiu ao lado, muito perto do poste. Foi pena.

Qual é o teu top 3 de invasões?

A tal final do Euro-2004 em que atirei a bandeira do Barcelona à cara de Figo, a final do Mundial-2010, em que me apanharam antes de tocar na taça e as meias–finais da Liga dos Campeões-2011 entre Barcelona e Madrid, em Camp Nou.

O que te falta fazer?

Enfiar o barrete a Mourinho. Está quase, está quase… Ah ah ah!

Já conseguiste enfiar o barrete a alguém?

Já tentei a muitos, incluindo o Ronaldo, mas sou sempre placado antes de tempo. Só houve dois que me deixaram. Curiosamente, ambos argentinos. Um foi o Messi, em 2007, num particular de pré–época entre o Barcelona e o Bayern Munique, para a Taça Beckenbauer. Outro foi o Agüero…

Ahhhhh é verdade, esse vimos ao vivo e a cores. Na Copa América, não foi?

Isso mesmo. Ah ah ah ah! O Agüero é um paz de alma, como o Messi. Deixam–se entrar no meu jogo.