Ronaldo. Números com Bento batem os de Scolari e Carlos Queiroz


O Euro-2012 começou com as habituais críticas. Os particulares com Macedónia e Turquia tinham baixado drasticamente a fasquia e Ronaldo aparecia quase que automaticamente na lista de alvos. O problema era dele, porque não rendia tanto na selecção como no Real Madrid. Em Espanha somava golos atrás de golos; por cá, pelo país que o…


O Euro-2012 começou com as habituais críticas. Os particulares com Macedónia e Turquia tinham baixado drasticamente a fasquia e Ronaldo aparecia quase que automaticamente na lista de alvos. O problema era dele, porque não rendia tanto na selecção como no Real Madrid. Em Espanha somava golos atrás de golos; por cá, pelo país que o viu nascer, somava desilusões e críticas de quem esperava que o madeirense pudesse resolver tudo sozinho.

Paulo Bento sempre o defendeu. Lembrou, relembrou e voltou a lembrar que um jogador não pode ser o único responsável e que a selecção precisa tanto de Ronaldo como Ronaldo precisa da selecção. O jogo com a Alemanha não ajudou e as oportunidades falhadas com a Dinamarca deixaram-no ainda mais debaixo de fogo. A situação parecia estar a ficar fora de controlo mas os três golos decisivos nos dois jogos seguintes confirmaram a ideia de que o melhor Ronaldo que a selecção já teve é o de Bento.

Com três golos no Euro-2012, o merengue está a fazer a melhor fase final de sempre – só em 2004, na estreia, conseguiu marcar mais do que um golo. Mas nem só das grandes provas se faz Ronaldo. O jogador refere-se sempre a Scolari como um dos treinadores mais importantes da carreira, mas a verdade é que Paulo Bento está a conseguir explorar as qualidades do jogador de uma forma ainda mais decisiva.

COM Scolari Ronaldo não era mais do que um jovem de 19 anos quando foi chamado pelo brasileiro para o Euro-2004. Figo e Simão eram os donos das alas mas o jogo de abertura com a Grécia, a 12 de Junho, ficou marcado por um golo do então suplente. Dois jogos depois, com a Espanha, Ronaldo relegou Simão para o banco e tornou-se num indiscutível para Scolari.

Do primeiro ao último golo de Ronaldo na selecção com Scolari como treinador, passaram quase quatro anos – 11 de Junho de 2008, no Europeu, contra a República Checa. Durante esse período, o jogador do Manchester United esteve também no Mundial-2006 (golo ao Irão e penálti decisivo no desempate com a Inglaterra) e somou um total de 21 golos – 19 em jogos oficiais.

COM Queiroz A saída de Scolari provocou o regresso de Carlos Queiroz à Federação Portuguesa de Futebol. O novo seleccionador tinha tudo para conseguir potenciar a estrela da selecção, mais não seja porque como adjunto do Manchester United tinha assistido ao crescimento do jogador.

Ao contrário do que se esperava, Ronaldo viveu os dois piores anos da carreira internacional e só conseguiu marcar dois golos: a 11 de Fevereiro de 2009, num particular com a Finlândia, e a 21 de Junho de 2010, no 7-0 à Coreia do Norte do Mundial-2010. Mais do que isso, o relacionamento entre os dois parecia preso por arames, até pela forma como o jogador foi desabafando durante a prova na África do Sul, desde o “assim não dá, Carlos”, queixando-se da postura demasiado defensiva, ao “quer que eu explique? Fale com o Carlos Queiroz!” após a derrota com a Espanha.

COM Bento A chegada do ex-treinador do Sporting à selecção coincide com o reaparecimento de Ronaldo. A estreia, com a Dinamarca, é coroada com um golo. Dias depois, na Islândia, volta a marcar, agora de livre directo.

A relação entre os dois é sempre coesa e Ronaldo sente-se defendido. Com a cabeça limpa, corresponde em campo: marca duas vezes a Chipre, mais uma à Dinamarca e acaba a qualificação com dois golos à Bósnia e Herzegovina no playoff. Feitas as contas, Ronaldo já marcou 12 golos em menos de dois anos, superando a média obtida com Scolari.

A dupla Bento-Ronaldo continua forte no Euro-2012. Os dois ultrapassaram as críticas e podem alcançar mais um momento único frente à selecção do país que viu crescer ambos: Bento-Oviedo e Ronaldo-Real Madrid.