Os portugueses vão viajar menos e para destinos mais próximos este verão, gastando menos e passando menos dias fora, na confirmação de tendências dos últimos meses, disseram à Lusa vários elementos do setor das agências de viagem.
“É verdade que os portugueses estão a gerir o menor rendimento disponível indo para férias mais baratas, concretamente optando por períodos mais curtos, mais do que quebras de quantidade e, portanto, optam por períodos mais curtos para pagarem menos”, disse à Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, que admite que as quedas destas empresas podem vir a atingir os dois dígitos.
Ainda assim, Pedro Costa Ferreira acredita que a redução vai ser mais ao nível da faturação do que ao nível de passageiros, o que significa que as pessoas vão continuar a fazer férias, mas vão escolher destinos ou formas mais baratas, algo a que as agências têm estado sensíveis, apresentando propostas “com preços mais razoáveis”.
Fonte da Agência Abreu explicou, em resposta a questões colocadas pela Lusa, que se está a assistir “à confirmação de tendências que emergiram nos dois últimos anos, menos tempo de viagem e maior procura do turismo interno”, do Algarve à Madeira e Açores.
Por seu lado, a Top Atlântico, em respostas escritas, afirmou que, de 2011 para este ano, as alterações de comportamento sentiram-se “no reajustamento das férias dos portugueses, tanto ao nível do número de viagens por ano (uma em vez de duas ou três), como ao nível do crescimento de procura de destinos de proximidade, não tão procurados anteriormente, como as ilhas espanholas”.
Porém, a mesma fonte da Top Atlântico realçou não estar a verificar um crescimento do destino Portugal “em detrimento de destinos no estrangeiro”.
A Abreu disse estar “praticamente em linha quanto ao número de reservas, o que não deixa de ser relevante”, tendo em conta a situação conjuntural.
“Parece haver uma tendência grande, que nós saudamos, para escolhas de destinos em Portugal, que é também uma tendência expectável. Isso pode provocar uma menor quebra na hotelaria nacional, sendo certo que os números que existem de turistas nacionais registam, neste momento, quebras muito grandes”, explicou Pedro Costa Ferreira.
A nível de destinos, depois da experiência que foi a Páscoa, há oferta para os vários gostos, explicam os diversos intervenientes, desde o Algarve ao sul de Espanha, passando por Marrocos e Tunísia (em “franca recuperação”, segundo a Abreu), até Cabo Verde, que continua “líder” no médio curso, disse o presidente da APAVT.
“Nota sublinhada também, 'puxada' pelos preços baixos, para a procura de cruzeiros (sobretudo no Mediterrâneo), circuitos europeus (nalguns casos combinando com cruzeiros) e cidades europeias”, acrescentou a Agência Abreu, sublinhando que Miami, através da TAP, e destinos como a Índia têm também despertado interesse no mercado nacional.