Euro2012. Alemanha leva gregos ao tapete sem ajudas


O Alemanha-Grécia não era um combate de boxe mas poderia muito bem ter sido. Os germânicos de Löw eram o nome sonante, aquele que ganha só com um sopro ou por dizer o nome em voz alta. Do outro lado, os gregos eram o pugilista desconhecido que, de uma qualquer forma que poucos conseguiam perceber,…


O Alemanha-Grécia não era um combate de boxe mas poderia muito bem ter sido. Os germânicos de Löw eram o nome sonante, aquele que ganha só com um sopro ou por dizer o nome em voz alta. Do outro lado, os gregos eram o pugilista desconhecido que, de uma qualquer forma que poucos conseguiam perceber, tinha chegado ali, a um momento no qual muitos davam a pele para poder participar. Havia romantismo mas faltava engenho. Por isso, assim que o combate (perdão, o jogo) começou, a Alemanha encostou a Grécia às cordas (perdão, à defesa).

Se a Grécia de Rehhagel em 2004 se destacava por defender muito e bem, a de Fernando Santos está a anos-luz. A equipa recuou demasiado e não oferecia qualquer resistência, a não ser a presença de uma floresta de pernas já dentro da área. As esperanças recaíam no guarda-redes Sifakis, mas não havia um remate à baliza que o grego conseguisse segurar à primeira. Aconteceu uma, duas, três vezes na primeira parte e continuou a acontecer na segunda.

O jogo tinha sentido único. Com Katsouranis a fingir que fazia de Karagounis, sobravam apenas Ninis à direita, Samaras à esquerda e Salpingidis no meio. As intenções podiam ser boas mas as saídas rápidas para o ataque, quando apareciam, não criavam perigo. Enquanto isso, os alemães continuavam a desferir golpes atrás de golpes. A Grécia mantinha-se de pé mas não chegou ao intervalo: aos 39 minutos, o lateral Lahm flectiu da esquerda para o meio e rematou forte para o primeiro golo do jogo.

A estratégia grega sofreu um revés e Fernando Santos procurou dar a volta ao fazer entrar Fotakis e Gekas ao intervalo. E, mérito seja dado, resultou. A Alemanha não esperava mas a Grécia conseguiu mesmo igualar numa jogada de contra-ataque: Gekas explorou a velocidade de Salpingidis que, por sua vez, cruzou para Samaras renovar a esperança grega. Era irónico que fosse precisamente Samaras – apelido do novo primeiro-ministro da Grécia – a marcar à Alemanha, mas a brincadeira ia acabar por aí. Löw já tinha surpreendido ao lançar Reus, Schürrle e Klose no onze (Podolski, Müller e Mario Gómez ficaram de fora), mas não ia permitir que os seus jogadores deixassem o adversário acreditar durante muito mais tempo.

Se Samaras igualou aos 55 minutos, o toque de saída para o vendaval ofensivo dos alemães chegou aos 61’, quando Boateng cruzou para um remate estupendo de Khedira na grande área, completamente no ar. Os gregos pareceram acusar o novo golo e permitiram que durante um largo período a Alemanha fizesse tudo o que queria. Klose fez o 3-1 aos 68’, Reus aumentou para 4-1 aos 74’ e o resultado só não ficou ainda mais dilatado por uma questão de capricho. No banco, Fernando Santos mantinha o ar resignado – que o acompanhou durante toda a prova – e em campo os gregos estavam caídos num tapete que não estava famoso.

Com a mensagem transmitida de que estão no Europeu para ganhar – nunca estiveram mais de três provas sem ser campeões – os alemães acalmaram finalmente. A meia-final, com Inglaterra ou Itália, começou a pesar na mente de todos e já não havia sequer ambição para golpear mais um adversário que dava pena. Ainda assim, os gregos mantiveram a dignidade e fizeram questão de dar o último soco da partida: penálti por mão na bola de Boateng e golo de Salpingidis (segundo penálti da prova – ambos para a Grécia – mas o primeiro convertido).

A Alemanha aproveitou para fazer história: 14 vitórias consecutivas – dez na qualificação e quatro na fase final.