Andy Murray e Ivan Lendl. Injecções de confiança em part-time


Andy Murray, o eterno quarto. Tem sido assim para o escocês, incapaz de ultrapassar Djokovic, Nadal ou Federer. Atormentado por falta de confiança e problemas de costas, em Dezembro do ano passado tomou uma decisão que pode mudar o seu percurso para melhor: contratar Ivan Lendl como treinador. As expectativas ficaram altas, mas até agora…


Andy Murray, o eterno quarto. Tem sido assim para o escocês, incapaz de ultrapassar Djokovic, Nadal ou Federer. Atormentado por falta de confiança e problemas de costas, em Dezembro do ano passado tomou uma decisão que pode mudar o seu percurso para melhor: contratar Ivan Lendl como treinador. As expectativas ficaram altas, mas até agora nada se tem concretizado. Poderá Wimbledon ser o torneio da mudança para o britânico?

Martina Navratilova diz que não. A tenista dona de 20 títulos em Wimbledon (entre singulares, pares e mistos) foi peremptória ao afirmar que Murray não conseguirá chegar à final, porque os três primeiros do ranking “jogam noutro nível.” John McEnroe não é tão radical, mas partilha da ideia de que Andy ganhará um torneio do Grand Slam, mais cedo ou mais tarde – talvez mais tarde. E Lendl pode ser exactamente o que ele precisa para chegar lá.

Ivan Lendl, que, tal como Navratilova, é um checo naturalizado norte-americano, não precisava de regressar aos courts. Retirado desde 1994, tem dedicado o seu tempo a jogar golfe e nunca teve uma experiência como treinador. Mas quando o convite de Murray surgiu, Lendl não hesitou. Porquê? Ninguém sabe ao certo. Jim Courier diz maldosamente que é uma questão monetária. McEnroe pensa que são as saudades do ténis a falar mais alto: “Pode ser muito gratificante para os dois se o Andy começar a ganhar torneios importantes de repente.”

Parecia que iria ser assim depois do excelente arranque de época de Murray. Venceu em Brisbane, derrotou David Nalbandian num jogo de exibição e só parou nas meias-finais do Open da Austrália porque Djokovic o derrotou numa partida de quase cinco horas. Daí para a frente, os resultados foram tudo menos animadores: Murray perdeu contra Tomas Berdych em Monte Carlo, Milos Raonic em Barcelona, Richard Gasquet em Roma e mais recentemente contra David Ferrer em Roland Garros: todos eles estão abaixo de Murray no ranking da ATP. Pouco importa que Andy vença Jo-Wilfried Tsonga nos treinos em Key Biscayne; nas competições, o escocês costuma ir-se abaixo. E é aí que Lendl entra, descontraindo Murray e elogiando-o, já que ao tenista falta mais força mental do que técnica. Mas a motivação pode não funcionar se não for a tempo inteiro, alerta McEnroe. E essa foi a decisão de treinador e tenista. “Uma das coisas que discutimos foi: ‘Queres que eu fique por perto e jante contigo todas as noites ou depois de teres terminado o teu jogo, estares bem e eu ter preparado o court, posso ir embora jogar golfe?’”, explica o próprio Lendl, que estava pouco disposto a abdicar das suas sessões.

Nas vésperas de Wimbledon, Andy recebeu uma boa notícia, ao ser convocado para os Olímpicos. Mas perdeu com dois sérvios no torneio de exibição The Boodles, Janko Tipsarevic e Novak Djokovic. Lendl e Murray têm mais em comum do que parece à primeira vista: Ivan também é filho de uma tenista, também sofre de problemas de costas (retirou-se precisamente por isso) e também nunca venceu uma final no All England Club. Pode isso ser suficiente para compreender e motivar Andy como ele precisa? A resposta é um tímido talvez.