A “guerra” chegou ao mercado da electricidade e se mudar de fornecedor pode obter descontos até 10% no preço final. Uma boa “ajuda” tendo em conta que o preço da luz e do gás vai aumentar já em Julho 2% e 6,9%, respectivamente.
Mas nem tudo são vantagens. Para beneficiar destas promoções os clientes não podem ter acesso às tarifas bi-horárias ou tri-horárias. E, de acordo com a Associação de Defesa do Consumidor (Deco), para um cliente com um consumo médio “as tarifas bi-horárias continuam a ser mais compensadoras do ponto de vista económico do que os valores que são cobrados por outros operadores apesar de apostarem em campanhas de descontos”, revela ao i, António Sousa, especialista nesta área.
A Galp acaba de lançar uma campanha para este mercado – ao apresentar uma oferta “dual” de luz e gás natural – e promete um desconto de 5+5 na factura para adesões até ao final de Junho. De acordo com as contas do presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, o objectivo é fechar o ano com 100 mil clientes de gás e electricidade. Se esta meta for concretizada, a empresa irá arrecadar 6,5 milhões de euros, uma vez que a factura média da luz deverá render cerca de 40 euros e a do gás 25 euros por família.
Mas esta não é uma campanha isolada. A EDP já tinha lançado com o Continente um plano para este mercado que oferece 10% de desconto sobre a factura da luz em que esse valor é revertido no cartão do hipermercado. Como funciona? O valor de desconto é calculado sobre o consumo (estimado, medido e facturado) e sobre a potência contratada. Os cupões emitidos são relativos à energia consumida e potência contratada até 31 de Dezembro. Estes cupões devem ser utilizados até ao final do mês seguinte à sua emissão – podem ser enviados todos os meses ou de dois em dois meses, consoante a periodicidade do envio das facturas – e o valor fica acumulado no cartão Continente.
Este plano termina no final do ano, mas a eléctrica portuguesa garante que vai “continuar a apresentar um tarifário competitivo, nunca superior ao valor de referência da tarifa regulada que vier a ser fixada pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) para 2013”.
A Endesa também oferece descontos de 5% aos consumidores no valor do consumo para a tarifa simples. Aliás, foi das primeiras eléctricas a praticar preços mais reduzidos aos clientes que optassem pelo mercado liberalizado de electricidade.
entraves à mudança A verdade é que o mercado liberalizado é cada vez mais uma realidade e o acesso a um preço mais baixo é uma das principais razões que levam os clientes a mudar de fornecedor. Aliás, esta é uma das conclusões do último estudo realizado pela Accenture.
De acordo com este relatório, mais de 60% dos consumidores admitem que poderiam mudar de fornecedor se tivessem acesso a um tarifário que melhor se adequasse às suas necessidades. Já 33% revelam que seria um incentivo se os pacotes de preços incluíssem soluções de energia renovável ou recompensas por fidelização. Como nem sempre isso acontece, apenas 25% dos 10 mil inquiridos a nível mundial estão dispostos a dar esse passo nos próximos 12 meses.
Fim das tarifas reguladas Apesar da mudança de operador ser considera ainda muito pouco atractiva, os consumidores vão ter de ter em conta que, a partir de Janeiro de 2013, vão ser extintas as tarifas reguladas de electricidade e de gás (significa que os preços de venda de electricidade e de gás natural aos consumidores deixam de ser fixados pela ERSE, passando a ser definidos pelas empresas presentes no mercado). No entanto, a entidade reguladora terá tarifas transitórias reguladas até 1 de Janeiro de 2016.
Isso significa que, até ao final de 2015, os portugueses vão ter de escolher entre os vários operadores que surgirem no mercado. O calendário definido pelo governo fixa duas fases para a extinção destas mesmas tarifas. Numa primeira fase, a partir de 1 de Julho de 2012, acabam as tarifas reguladas para as pequenas empresas e os grandes agregados familiares, ou seja, para os consumidores de electricidade com potência contratada igual e acima dos 10,35 kVA e para os consumidores de gás natural com um consumo anual superior a 500 m3.
A segunda fase entra em vigor a partir de 1 de Janeiro de 2013, com o fim das tarifas para todos os consumidores de electricidade e gás natural, incluindo os pequenos consumidores, isto é, com potência contratada até 10,35 kVA e os consumidores de gás natural com consumo anual até 500 m3.
Simulação da Deco para um perfil de consumo médio:
Potência de 3,45kVA e consumo de 3000kWh por ano
EDP bi-horária – 572€/ano
Galp (luz+gás) – 596€/ano
Endesa – 600€/ano
Galp (só luz, sem gás) – 614€/ano
EDP simples – 626€/ano