O setor público deve aprender a cooperar com o privado para ganhar a confiança dos empresários, defende um especialista holandês em economia regional, que acredita que Portugal conseguirá sair da crise dentro de poucos anos.
Doutorado em Economia Regional pela Universidade Erasmus, na Holanda, Peter Nijkamp, recebeu na passada semana o grau “honoris causa”, pela Universidade do Algarve (UAlg).
Em declarações à agência Lusa, o professor holandês alerta para a necessidade de haver mais parcerias entre os setores público e privado, já que o setor público “não tem capacidade para resolver tudo” e pode apenas “facilitar certas coisas”.
“Não é só uma questão de dinheiro, o setor público tem que aprender a cooperar com o privado e a trabalhar em iniciativas conjuntas”, defende.
Peter Nijkamp sublinha que muitos empresários não acreditam no setor público, por acharem que é “burocrático, pouco fiável e demasiado orientado por questões políticas”.
O economista mostra-se otimista quanto ao futuro das finanças portuguesas, e acredita que o país sairá da crise "dentro de poucos anos” por considerar que a economia nacional “tem uma base forte".
O professor catedrático entende que o setor privado português tem “recursos robustos”, como o turismo, que não perdeu terreno como na Grécia, país no qual se cometeu o erro de afastar os turistas.
“Os gregos não foram muito prudentes no passado ano e meio, pois têm sido agressivos para os outros países europeus e até para os turistas”, refere, calculando que o turismo na Grécia tenha sofrido uma quebra de 25 por cento.
Segundo Peter Nijkamp, os turistas não quererão voltar a um país no qual algumas greves foram organizadas, também, para afetar os turistas.
Contudo, apesar de elogiar as políticas de turismo em Portugal, o holandês refere que o setor privado português deve estar melhor preparado para a internacionalização.
“Nestes dias em Portugal, tenho visto negócios que parecem sólidos, mas que são muito domésticos”, sublinha, apontando como uma falha o facto de muita gente que encontrou não saber falar inglês