Saiba se ainda compensa investir em moeda estrangeira


No início do ano, o número de portugueses a fazer depósitos em moeda estrangeira aumentou significativamente. A enorme incerteza nas economias da zona euro, a possível falência da Grécia e a queda da moeda única foram algumas das razões que levaram os portugueses a procurar investir as suas poupanças noutras moedas. Os vários especialistas contactados…


No início do ano, o número de portugueses a fazer depósitos em moeda estrangeira aumentou significativamente. A enorme incerteza nas economias da zona euro, a possível falência da Grécia e a queda da moeda única foram algumas das razões que levaram os portugueses a procurar investir as suas poupanças noutras moedas.

Os vários especialistas contactados pelo i referem que esta é a forma que os investidores encontram para se protegerem do risco cambial e do receio do país cair na bancarrota. Numa análise dos mercados, será esta atitude justificável? Para o responsável da GoBulling, “é uma opção de quem não quer estar exposto aos riscos do euro e vê noutras moedas menor risco de perda”, conclui.

A quantidade de depósitos está a desacelerar em relação aos depósitos feitos no ano passado, já que a percepção do risco também diminuiu e os consumidores parecem menos alarmados com as notícias sobre uma eventual saída de Portugal do euro. Contrariamente ao forte crescimento evidenciado na segunda metade de 2011, o volume de depósitos em moeda estrangeira estabilizou este ano. A maioria das instituições bancárias registou uma crescente procura de informação sobre depósitos e compra de moeda estrangeira.

Segundo o Barclays Portugal, o peso dos depósitos em moeda estrangeira continua a ter um peso pequeno no volume total de depósitos de clientes. Uma opinião partilhada por outra grande instituição bancária do país, que preferiu o anonimato.

Há oito meses atrás, o respectivo banco registou um fluxo intenso de pessoas “mais esclarecidas” a querer obter informações. “ Houve mais interesse e curiosidade mas, agora está tudo calmo”, revelou a mesmo fonte. Na prática, o número de depósitos efectivados com moeda estrangeira não foram significativos. No BPI, o cenário é semelhante. Os depósitos em moeda estrangeira não estão a aumentar.

Divisas com maior procura Ainda assim, o dólar australiano (AUD) e a coroa norueguesa (NOK) são as moedas que têm tido evoluções de procura mais significativas, em 2012, com aumentos de 51% e 27%, respectivamente. Mas há outras moedas como a coroa sueca, ienes japoneses, reais brasileiros e coroa dinamarquesa a atrair a atenção dos investidores.

Segundo os dados apresentados pelo Santander Totta no último trimestre do ano passado, o total dos depósitos alcançou os 19,1 mil milhões de euros neste banco, um aumento de 12,1% relativamente ao mesmo período do ano passado. Relativamente à procura de moeda estrangeira, não se verificou um acréscimo que possa significar uma tendência, continuando a instituição espanhola com o habitual movimento interno.

O investimento em depósitos de outras moedas constitui uma forma de procura de aplicações com uma remuneração superior aos depósitos em euros em virtude das taxas destas moedas serem superiores às do euro. No entanto, este fenómeno tem caído significativamente nos últimos meses, em relação a 2011. Na busca de uma maior rentabilidade, os clientes incorrem no risco cambial destas moedas face ao euro.

Neste momento o maior interesse vai para a compra de dívida soberana de países nórdicos com economias estáveis, mas denominada em euros (Obrigações do Tesouro desses países, em euros). Para João Queiroz, director de negociação da GoBulling, o aumento verificado em 2011 “terá sido uma reacção momentânea a notícias mais alarmantes”. Os clientes da marca de negociação online do Banco Carregosa decidiram colocar as suas poupanças ou investimentos em coroas sueca e norueguesa e também em francos suíços. “Os clientes que fizeram aplicações em moeda estrangeira , mantêm–nas”, explica. Os valores de aplicações variam entre os 50 mil e os 200 mil euros.

Os custos associados às contas de depósito em moeda estrangeira são os mesmos que um depósito tradicional.