Há cada vez mais gente a pagar informação de qualidade na internet


A malha está a apertar-se para os leitores de conteúdos jornalísticos de qualidade e gratuitos. Basta a ver a decisão do “The New York Times” (NYT), que desde ontem reduziu de 20 para 10 o número de notícias gratuitas que podiam ser lidas mensalmente no seu site. A ideia é reforçar o número de subscritores…


A malha está a apertar-se para os leitores de conteúdos jornalísticos de qualidade e gratuitos. Basta a ver a decisão do “The New York Times” (NYT), que desde ontem reduziu de 20 para 10 o número de notícias gratuitas que podiam ser lidas mensalmente no seu site. A ideia é reforçar o número de subscritores do NYT, que já está próximo do meio milhão.

Se vier à lembrança o que aconteceu ao londrino “The Times” em 2010, que perdeu 90% dos seus leitores online quando decidiu cobrar pelos conteúdos no site, então bem se pode dizer que a decisão do NYT é corajosa. Mas não é bem assim, pois os tempos mudaram.

Esta decisão do reputado título nova- -iorquino, que há um ano impôs o pagamento das notícias colocadas online, vem na linha da tendência que os principais centros de investigação da área dos media têm detectado: os principais títulos da imprensa começam a atingir o seu ponto de massa crítica no que toca às receitas captadas aos seus leitores online.

Outro Times, neste caso o “The Los Angeles Times”, também decidiu colocar o filtro do pagamento pelas suas notícias online, num registo em que os leitores se tornam “membros”, começando por pagar 99 cêntimos de dólar pelas primeiras quatro semanas e depois 1,99 dólares por semana, incluindo a edição do “The Sunday Times”. E também o “The Wall Street Journal” (WSJ) está a baixar o número de notícias gratuitas através do Google. O primeiro grande jornal a cobrar online foi o WSJ, em 1997.

Segundo o investigador Ken Doctor, do Nieman Journalism Lab, no final de 2012 cerca de 20% dos 1400 jornais diários norte-americanos vão cobrar pelo acesso às suas notícias em versão digital. A empresa Gannett, o maior publisher de jornais dos Estados Unidos, já aplicou a “parede paga” (paywall) em todos os seus títulos online, exceptuando o “USA Today”.

Esta é uma boa notícia para os patrões da imprensa, cujo sector está, até ao momento, em terra-de-ninguém: não tem receitas suficientes através da venda da edição em papel, nem gera o dinheiro necessário através do online. Um estudo do Pew Research Center (PRC), divulgado há três semanas, constatava que a cada dólar de lucro no online correspondiam sete dólares de prejuízo na edição em papel.

Redacções em luta Outro aspecto da questão é a “luta” entre as redacções do “papel” e do “online”. Segundo o PRC, as chefias de 10 das 13 grandes companhias questionadas responderam que o maior obstáculo é a tensão entre os defensores do online e os que alegam ser o papel a salvação.