Don Draper, aliás Jon Hamm, contra a estupidez do culto das celebridades


A quinta temporada de “Mad Men” ainda não começou, mas a ante-estreia de Jon Hamm na “Elle” britânica não podia ter sido melhor: em entrevista publicada na edição de Abril, o protagonista da série que celebra os espécimes da Madison Avenue atirou-se à celebração da idiotice que tornou milionárias estrelas de TV como Paris Hilton…


A quinta temporada de “Mad Men” ainda não começou, mas a ante-estreia de Jon Hamm na “Elle” britânica não podia ter sido melhor: em entrevista publicada na edição de Abril, o protagonista da série que celebra os espécimes da Madison Avenue atirou-se à celebração da idiotice que tornou milionárias estrelas de TV como Paris Hilton e Kim Kardashian. Ser um “fucking idiot” tornou-se um valor seguro na cultura contemporânea, porque se é muito bem pago, critica Draper-Hamm. “Seja Paris Hilton ou Kim Kardashian ou seja quem for, a estupidez é certamente celebrada”, disse o “Mad Man”, para quem isto não faz “nenhum sentido”.

Kim Kardashian queixou-se, via twitter. “Chamar estúpido a quem administra os seus próprios negócios, faz parte de um programa televisivo de sucesso, produz, escreve e cria é, na minha opinião, descuidado”.

Apanhado pelos jornalistas para reagir ao comentário de Karsashian, Jon Hamm ficou estupefacto pelo facto da sua declaração se ter transformado numa notícia. “Eu não conheço Kim Kardashian, só conheço a sua persona pública. Falei sobre a nossa cultura, não foi nada pessoal, ela ofendeu-se e está no seu direito”.

Na entrevista à “Elle” britânica ficamos a saber outras coisas, além do desgosto de Jon pela cultura das celebridades. Por exemplo, o “sex-symbol” do momento não percebe porque é que as mulheres o acham giríssimo: “Eu nem sequer me considero bonito. Quando me olho ao espelho vejo-me com o mesmo ar de pateta que via quando era criança.”

Uma boa notícia para as mulheres-em– dieta-permanente-a-partir-de-Março é a revelação de que Jon detesta magras. E nem sequer percebe porque é que as loiras e as escanzeladas se tornaram um estereótipo de beleza dos tempos modernos. Ele é mais anos 50-60: diz à “Elle” que mulheres como Christina Hendricks (Joan Harris, a secretária ruiva e cheia de curvas do século passado) é de longe muito mais gira.

A quinta temporada estreia no dia 25, nos Estados Unidos e vai ser marcada por uma mudança de geração. Ou seja, logo no primeiro episódio, Don Draper vai começar a viver a crise da meia-idade. Num encontro recente com jornalistas para apresentação da nova temporada, Hamm falou do agora velho Don Draper: “Don pode ser muito obscuro, tem muitos demónios e problemas com os quais luta, um passado. Esperemos que tenha um final feliz”. Esta temporada explora “as mudanças na vida de um homem, especialmente quando chega aos 40, e como isso ocorre”, disse Hamm.

Jon Hamm vai continuar a fumar dezenas de cigarros em cada episódio e diz que Don Draper vai perceber agora que boa parte das suas preocupações de juventude não têm real significado.

“Chamam ‘velho’ a Don nas primeiras duas horas, isso é significativo, ele vai começar a ser marginalizado pelos mais jovens”, diz Hamm. Peggy, Pete, Ken vão começar a “passar por cima” de Don e lançar as suas ideias. Quanto a Roger Sterling, “corre o risco de se transformar num fóssil”, disse John Slattery, que “faz” de fundador da Sterling&Cooper.