A linha de crédito de mil milhões de euros do China Development Bank para a REN deverá ser definida em breve pelo grupo, segundo declarações do CEO da gestora das redes energéticas, durante a assinatura do contrato-promessa entre o Estado e a State Grid para a venda de 40% da empresa. Rui Cartaxo explicou que os outros dois concorrentes à privatização, os ingleses da National Grid e os americanos da Brookfield Asset Managemen, “pretendiam o controlo da REN e, a partir do momento em que se tornou claro que o governo não estava de acordo, desistiram”.
Além dos mil milhões de euros, existem também manifestações de interessa por parte de outros três bancos chineses, embora o valor não esteja definido à partida. Mas a linha do China Development Bank por si só deixará a REN “numa situação extremamente confortável nos próximos anos”.
O actual presidente-executivo deverá manter o cargo depois da alteração dos estatutos da empresa, a ser feita no próximo dia 27 de Março na assembleia- -geral. Um dos pontos será a alteração do limite dos direitos de voto para os novos accionistas – os chineses da State Grid e os árabes da Oman Oil Company – para que possam exercer os seus direitos de voto, de 25% e 15%, respectivamente.
Na reunião magna, os accionistas vão votar outras alterações à gestora das redes energéticas, nomeadamente a redução de cinco para três dos membros da comissão executiva. Para além destes, o próximo conselho de administração terá mais 12 membros não executivos, entre os quais os nomeados pelos novos accionistas. Da ordem de trabalhos consta ainda a eleição dos órgãos sociais para um novo mandato, relativo ao triénio 2012-14.
Os chineses da State Grid e os árabes da Oman Oil Company formalizaram ontem a aquisição de 40% da REN – Redes Energéticas Nacionais, com a assinatura dos respectivos contratos-promessa de compra e venda.
A empresa chinesa pagou 2,9 euros por acção, ou seja, um prémio de 40% face à cotação do dia anterior à apresentação das propostas (19 de Janeiro), que estava em 2,072 euros, totalizando 287,15 milhões de euros, enquanto a Oman Oil Company pagou 2,56 euros por acção, o que representa um prémio de 23,6%, correspondente a um total de 205,06 milhões de euros. Este montante será abatido à dívida pública, nas datas em que as tranches forem pagas.
Durante a cerimónia, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse que 60% do encaixe previsto com as privatizações “está completo” com a venda da REN e da EDP. A meta até 2014 é arrecadar 5,5 mil milhões de euros, tendo as duas empresas rendido aos cofres do Estado 3,3 mil milhões. Já o presidente da chinesa State Grid Corporation afirmou que ajudará a REN a expandir-se para os países de língua portuguesa em África e para a América do Sul. Liu Zhenya, que falava perante os ministros das Finanças, da Economia e do Emprego e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, disse que a assinatura do acordo “é muito importante para promover o desenvolvimento sustentável da REN, expandir a cooperação das duas empresas e promover a economia e o comércio entre os dois países”.
Com este primeiro formalismo, o Estado encaixou uma primeira tranche de 160 milhões de euros, de um total de 592,21 milhões, o que representa um prémio de 150 milhões face ao preço do mercado. Após esta fase de privatização, ficam ainda na esfera pública 11,1% da empresa, que o governo pretende dispersar em bolsa através de uma oferta pública de venda quando o mercado melhorar.