Quatro meses depois de o i ter dado a notícia, o presidente da Euronews confirmou-a ontem, na Assembleia de República: A RTP já anunciou que não vai renovar o contrato com a Euronews e, caso não haja financiador para o serviço em português, os 17 jornalistas que garantem esse serviço são despedidos, assim como são dispensados os 20 colaboradores que prestam serviço regular para a Euronews.
A estação pública já confirmou a decisão, o que significa que o Euronews deverá deixar de disponibilizar a língua portuguesa a partir de Janeiro de 2013, altura em que termina o actual contrato. A ligação da RTP ao Euronews custa, no total, 1,9 milhões de euros anuais. A Euronews já tinha afirmado que “Portugal está a pagar o preço mais barato que a Euronews está a cobrar por este tipo de serviço, um serviço de notícias de 24 horas por dia, sete dias por semana. Actualmente, a Euronews vende o mesmo serviço por seis milhões de euros”.
Mas Michael Peters, presidente do conselho de administração do canal noticioso multilingue, do qual a RTP é também accionista e fundadora, afirmou perante a comissão parlamentar para a Ética, Cidadania e Comunicação que há cinco caminhos possíveis. Um deles é aproveitar a televisão digital terrestre (TDT) e disponibilizar também o Euronews, pagando o Estado português a factura; outra é aproveitar o mercado lusófono, garantindo o pagamento em parceria com países como Angola; uma terceira hipótese seria pedir financiamento à Comissão Europeia, num registo de partilha de custos, exibindo o canal também na TDT; finalmente, o Euronews poderia ser garantido através de uma comparticipação das operadoras de televisão por subscrição (como a Zon, Meo e Cabovisão), o que representaria, segundo Peters, um custo de 70 cêntimos anuais para cada cliente português de televisão paga.
PSD lamenta O presidente da comissão de ética, o social democrata Mendes Bota, lamentou a decisão da RTP, que havia sido sugerido em Outubro pelo ministro da tutela, Miguel Relvas: “É uma pena porque a Euronews é, de longe, dentro dos canais congéneres, incluindo a CNN, a que tem mais audiência em todo o mundo e através dela a língua portuguesa chega a todos os continentes”. Mendes Bota recordou que, “numa altura em que tanto se defende a importância da língua, [esta decisão] parece um contra-senso”. E concluiu: “Por dois milhões de euros, não sei se se deveria perder esta oportunidade”. Com Lusa