A arte de transformar as derrotas em vitórias


Muito se tem falado sobre o facto de o PSD não ter apresentado ainda um candidato à Câmara de Lisboa. Depois de Santana anunciar a sua recusa e de as negociações para apoiar Cristas falharem, o partido continua à procura de um nome para derrotar Fernando Medina. Mesmo sem se saber como acabará, a condução…


Curioso é que o PS nunca se tenha deparado com esse problema no Porto, embora as duas situações sejam muito parecidas. Os socialistas optaram por não apresentar candidato à Invicta, preferindo colar-se a Rui Moreira – que até é próximo do CDS.

E quando este ganhar por larga vantagem, como é expectável, celebrarão a vitória como sua. Outro caso sintomático deste “jogo de cintura” socialista é a descida da TSU. O ministro Vieira da Silva conseguiu chegar, depois de muito batalhar, a um acordo na concertação social para aprovar a subida do salário mínimo e a descida da TSU. Acontece que os partidos da extrema- -esquerda que apoiam o PS não estão dispostos a fazer cedências e, como tal, recusam-se a aprovar a medida no parlamento.

O PS tem um problema para aprovar uma proposta sua? Não! O problema é do PSD, que não está a ser coerente com o que defendeu antes. E, se a proposta chumbar, será a Passos que se vão pedir satisfações, não ao PCP nem ao Bloco. De facto, este governo tem uma enorme habilidade para alijar responsabilidades e transformar os seus insucessos nos problemas dos outros – neste caso, da oposição. Já o líder do PSD – estejamos a falar da candidatura do seu partido à câmara, da descida da TSU ou até do dossiê da Caixa – parece ter uma propensão para atrair problemas e, uma vez que eles se instalam, não conseguir desenvencilhar–se deles. Essa inabilidade pode afetar a sua imagem. Mas resulta simplesmente de falta de oportunismo – o que, em boa verdade, só abona a seu favor.