Shame on you


Os jornalistas americanos e europeus, sem esquecer os tristes portugueses, também foram os grandes derrotados das presidenciais dos EUA. É o que dá serem lacaios dos sistemas e do politicamente correto


Vamos aos factos. Donald Trump venceu de forma categórica as presidenciais norte-americanas. Os democratas tiveram uma derrota histórica em toda a linha e a bem preparada Hillary Clinton, que já sonhava viver na Casa Branca nos próximos oito anos, acabou a sua carreira política na madrugada de 9 de novembro. Vamos à ficção montada pela comunicação norte-americana, bem secundada pela europeia e pela portuguesa, ao longo da campanha eleitoral.

O candidato republicano é um troglodita com as mulheres, odeia imigrantes latinos e muçulmanos, é amigo de Putin, é um perigoso isolacionista, quer acabar com a NATO e a segurança na Europa, vai desencadear a iii Guerra Mundial, é um homem perigoso para estar sentado na Casa Branca com o botão nuclear à sua disposição. Na ficção montada por estes jornalistas de pacotilha, só Hillary Clinton podia ser presidente. Vai daí montaram campanhas de ódio, misturadas com gracinhas idiotas, elogiaram até ao limite as qualidades da democrata e decretaram que os apoiantes de Trump eram grunhos incultos e perigosos que vomitavam ódio por todos os poros contra negros, latinos e muçulmanos.

Na ficção montada por estes jornalistas lacaios do sistema e do politicamente correto, nenhum negro, latino, muçulmano ou branco culto, bem vestido, bem-falante, bem instalado na vida, com um discurso politicamente correto, votaria no odioso e fascista Trump. Os desejos desta gente que encharcou rádios, jornais, televisões com notícias falsas, manipuladas, e opiniões recolhidas à medida do chamado star system foram todos por água abaixo com o voto de mais de 59 milhões de eleitores no candidato republicano, que deram a Trump uma clara maioria no colégio eleitoral.

O papel da comunicação social nestas eleições norte-americanas é uma página negra do jornalismo. Como já tinha acontecido na campanha do Brexit e vai com certeza acontecer noutras campanhas eleitorais em França, na Holanda, na Alemanha e em qualquer país em que apareçam candidatos dispostos a lutar contra os muros dos sistemas e do politicamente correto. Os jornalistas lacaios dos sistemas e do politicamente correto lá estarão a montar as suas campanhas e a tentar influenciar os eleitores com manipulações e notícias falsas.

O pior é, mais uma vez, a realidade. Antigamente, os jornalistas eram os únicos intermediários entre o poder político e os eleitores. O povo estava dependente das notícias, falsas ou verdadeiras, das reportagens manipuladas, dos discursos truncados e dos debates promovidos pela comunicação social com gente escolhida a dedo. Formava a sua opinião e tomava as suas decisões eleitorais exclusivamente em função do que ouvia, do que via e do que lia nas rádios, nas televisões e nos jornais. Mas esse tempo acabou.

Hoje, os políticos comunicam com o eleitorado sem a necessidade de intermediários. Têm as redes sociais para o fazer com enorme eficácia. As mensagens são diretas e não passam pelo crivo dos censores dos sistemas e do politicamente correto. E se antigamente ainda havia na comunicação social quem se gabasse de vender presidentes como sabonetes, esse tempo acabou. Ainda bem. É por isso também que a comunicação social está a perder leitores nos Estados Unidos, na Europa e, claro, em Portugal. Mas mesmo assim, com despedimentos em massa, prejuízos avultados e cada vez menos leitores, os jornalistas lacaios dos sistemas e do politicamente correto não têm emenda. Caminham alegremente para o suicídio ou vão fazer companhia para Marte e Júpiter aos famosos e famosas que andaram pelos palcos de Hillary e pelas televisões a dizer barbaridades sobre Trump e a jurarem que nunca viveriam num país com o republicano a presidente.

Verdadeiramente, os EUA dispensam bem figuras como Bryan Cranston, Samuel L. Jackson, Lena Dunham, Neve Campbel, Cher, Miles Cyrus, Barbara Streisand, Ne-Yo, Amy Schumer, Chelsea Handler, Jon Stewart, Whoopi Goldberg, Keegan-Michael Key, George Lopez, Ruth Bader Ginsburg, Al Sharpton, Stevie Wonder e George Clooney. E o próprio Donald Trump, na sua imensa generosidade, é bem capaz de pagar do seu bolso as viagens necessárias e suficientes para que o star system e os jornalistas lacaios dos sistemas e do politicamente correto partam para outro planeta. Boa viagem.