Histórico comunista critica apoio do PCP ao governo PS

Histórico comunista critica apoio do PCP ao governo PS


Miguel Urbano Rodrigues diz que o PCP que apoia o governo PS não mantém a “fidelidade intransigente” aos “princípios e valores” do marxismo


Miguel Urbano Rodrigues, 91 anos, histórico do PCP, escreveu um texto na última edição do “Avante!”, o órgão oficial dos comunistas, a contestar a estratégia seguido pelo partido de apoio ao governo PS. Analisando as Teses ao congresso de dezembro, Miguel Urbano afirma-se preocupado com a posição comunista assumida na “proposta de alternativa patriótica e de esquerda” e “os seus objectivos centrais”. Apesar das Teses dizerem que os objetivos do apoio ao governo PS “se enquadram no programa do PCP cuja meta é a construção de uma sociedade socialista”, para Miguel Urbano Rodrigues “a perspetiva esboçada é reformista e choca com o marxismo-leninismo, ideologia assumida pelo PCP”. ´O histórico comunista, jornalista, diretor do extinto “O Diário” contesta as “cedências” do PCP a que obriga a participação no acordo de governo e o posicionamento político do partido. “A direcção central reafirma considerar prioritária a luta de massas no combate pela rutura com a política de direita, mas não o demonstra com a sua estratégia parlamentar, definição de política de alianças e abertura a um ‘frentismo’ confuso e a cedências”, lê-se no texto publicado na secção “Tribuna do Congresso”, onde os militantes comunistas podem escrever a dar a sua opinião sobre as Teses, o documento aprovado pelo Comité Central que está agora em discussão nas bases do partido. Miguel Urbano diz mesmo que não encontrou a “fidelidade intransigente aos princípios do marxismo” exposta no documento que é a base dos trabalhos do congresso de dezembro. “O marxismo não é estático. A grandeza do leninismo é identificável precisamente pela capacidade de Lenine para inovar como estratego e tático, mantendo uma fidelidade intransigente a princípios, valores e lições do marxismo. Não encontrei essa atitude nas páginas da Resolução dedicadas à política patriótica e de esquerda na luta pelo socialismo”. Mostrando o seu descontentamento com o rumo do PCP – que é, aliás, partilhado por outros camaradas e tem sido visível em algumas intervenções internas no âmbito da discussão preparatória do congresso – Miguel Urbano Rodrigues termina o seu texto invocando Álvaro Cunhal. “Distancio-me do otimismo que transparece nas passagens relativas à preparação do congresso. Milito no PCP há mais de meio século. Foram as lutas em que participei como comunista que conferiram significado à minha passagem pela vida. É nessa condição que termino desejando que o XX Congresso possa apontar ao partido o rumo que Álvaro Cunhal tão exemplarmente contribuiu para lhe imprimir na fidelidade à tradição revolucionária da sua gloriosa história”. O congresso do PCP realiza-se nos dias 2, 3 e 4 de dezembro, no Complexo Municipal de Desportos de Almada. Miguel Urbano Rodrigues, 91 anos, histórico do PCP, escreveu um texto na última edição do “Avante!”, o órgão oficial dos comunistas, a contestar a estratégia seguido pelo partido de apoio ao governo PS.

Analisando as Teses ao congresso de dezembro, Miguel Urbano afirma-se preocupado com a posição comunista assumida na “proposta de alternativa patriótica e de esquerda” e “os seus objectivos centrais”. Apesar das Teses dizerem que os objetivos do apoio ao governo PS “se enquadram no programa do PCP cuja meta é a construção de uma sociedade socialista”, para Miguel Urbano Rodrigues “a perspetiva esboçada é reformista e choca com o marxismo-leninismo, ideologia assumida pelo PCP”. ´

O histórico comunista, jornalista, diretor do extinto “O Diário” contesta as “cedências” do PCP a que obriga a participação no acordo de governo e o posicionamento político do partido. “A direcção central reafirma considerar prioritária a luta de massas no combate pela rutura com a política de direita, mas não o demonstra com a sua estratégia parlamentar, definição de política de alianças e abertura a um ‘frentismo’ confuso e a cedências”, lê-se no texto publicado na secção “Tribuna do Congresso”, onde os militantes comunistas podem escrever a dar a sua opinião sobre as Teses, o documento aprovado pelo Comité Central que está agora em discussão nas bases do partido.

Miguel Urbano diz mesmo que não encontrou a “fidelidade intransigente aos princípios do marxismo” exposta no documento que é a base dos trabalhos do congresso de dezembro. “O marxismo não é estático. A grandeza do leninismo é identificável precisamente pela capacidade de Lenine para inovar como estratego e tático, mantendo uma fidelidade intransigente a princípios, valores e lições do marxismo. Não encontrei essa atitude nas páginas da Resolução dedicadas à política patriótica e de esquerda na luta pelo socialismo”.

Mostrando o seu descontentamento com o rumo do PCP – que é, aliás, partilhado por outros camaradas e tem sido visível em algumas intervenções internas no âmbito da discussão preparatória do congresso – Miguel Urbano Rodrigues termina o seu texto invocando Álvaro Cunhal.

“Distancio-me do otimismo que transparece nas passagens relativas à preparação do congresso. Milito no PCP há mais de meio século. Foram as lutas em que participei como comunista que conferiram significado à minha passagem pela vida. É nessa condição que termino desejando que o XX Congresso possa apontar ao partido o rumo que Álvaro Cunhal tão exemplarmente contribuiu para lhe imprimir na fidelidade à tradição revolucionária da sua gloriosa história”.

O congresso do PCP realiza-se nos dias 2, 3 e 4 de dezembro, no Complexo Municipal de Desportos de Almada.