A Universidade Católica portuguesa vai, finalmente, ter uma Faculdade de Medicina.
Depois de uma primeira década com curso de enfermagem nas instalações de Lisboa, em que as turmas foram alargando de ano para ano, a reitoria da Católica conseguiu uma parceria com o Grupo Fidelidade e abrirá um pólo focado nas ciências da saúde, em Cascais.
O município cascalense, liderado pelo social-democrata Carlos Carreiras, terá oferecido um contributo determinante na negociação de terrenos da autarquia.
O i sabe que o pólo universitário vai localizar-se no antigo Hospital de Cascais, que apresenta alguns sinais de abandono. Será construído um pavilhão destinado às aulas teóricas dos cursos de enfermagem e de medicina.
A Universidade Católica será assim pioneira na entrada do ensino privado na área da medicina.
Este desejo não é novo, sendo há muito falado nos círculos académicos, embora a Agência de Avaliação e Acreditação, que autoriza o funcionamento de todos os cursos superiores em Portugal, tenha consecutivamente chumbado múltiplas tentativas de universidades privadas abrirem cursos de medicina, entre as quais a própria Católica, mas também a Lusófona, a Fernando Pessoa e o Instituto Piaget.
Sonho por concretizar Maria da Glória Garcia, a reitora da Universidade Católica, já havia afirmado em 2015 que abrir uma licenciatura em medicina era “um sonho que a universidade procura concretizar”. Mas o sonho foi adiado devido às elevadas exigências com que as instituições são confrontadas para abrir e manter este curso.
O orçamento anual de uma licenciatura em medicina pode ascender até aos 20 mil euros investidos pelos cofres das universidades. É também necessário um acordo com um hospital suficientemente grande para albergar a formação dos alunos. Os hospitais não universitários encaram estes cenários com algum ceticismo na medida em que a sua eficiência tende a reduzir drasticamente ao receberem jovens estudantes.
O facto de os professores que ensinam medicina serem obrigados a exercer investigação ao mesmo tempo também foi um dos maiores entraves à entrada do curso de medicina na realidade das universidades privadas. A abertura de um centro de investigação na área da saúde também exige um largo financiamento.
A Universidade Católica parece ter resolvido estas questões com a celebração, ainda por anunciar publicamente, de uma parceria com o Grupo Fidelidade. A Fidelidade é presentemente detida pelos chineses da Fosun, que também controlam o grupo da Luz Saúde – do Hospital da Luz – e a seguradora Multicare.