O fim da aventura está à vista mas não tem data


Neste momento é possível apostar de olhos fechados que o Orçamento para 2017 já está aprovado.


Nenhum dos partidos que apoiam o governo tenciona partir a geringonça, tendo em conta o quadro da alternativa: a acusação de abrir espaço para que a direita volte ao poder. A moderação do Bloco de Esquerda e do PCP – que já aceitaram, de facto, coisas como o congelamento dos salários da função pública no próximo ano – levará a essa mais do que certa aprovação. O governo vai encarregar-se de permitir que, a troco de mais um Orçamento “a cumprir escrupulosamente os compromissos europeus”, tanto o Bloco de Esquerda como o PCP tenham possibilidades de afirmar que o acordo de esquerda está a ser cumprido. Ora, o acordo que sustenta o governo é baseado exatamente no “escrupuloso cumprimento dos compromissos europeus” e é evidente que tanto o Bloco de Esquerda como o PCP estão a dar o aval à continuação em Portugal da “política única europeia” – aquela que, para conter o défice, obriga a cortar no investimento público ou em qualquer outra coisa, Obriga a cortar, ponto. 

Até onde é possível ao Bloco de Esquerda e ao PCP sustentarem a contradição entre apoiarem o governo PS, que cumpre a política europeia e não tenciona deixar de o fazer – uma coisa é “falar alto na União Europeia”, outra é “desobedecer”, como pede José Manuel Pureza -, e continuarem a defender os respetivos programas? 

É evidente que toda a gente dentro e fora do Bloco e do PCP tem a noção de que este acordo foi um milagre. Pôr os partidos à esquerda do PS a defender um governo que cumpre as regras europeias era, até agora, considerado impensável. Mas tanto o Bloco como o PCP têm consciência de que isto é uma aventura que lhes pode custar caro. 

Quando José Manuel Pureza afirma ao i que o cumprimento das regras da União “acabará por colidir” com o acordo de governo, está a mostrar esse incómodo e a anunciar o fim da aventura num futuro próximo. Esse fim não é para já, evidentemente. 


O fim da aventura está à vista mas não tem data


Neste momento é possível apostar de olhos fechados que o Orçamento para 2017 já está aprovado.


Nenhum dos partidos que apoiam o governo tenciona partir a geringonça, tendo em conta o quadro da alternativa: a acusação de abrir espaço para que a direita volte ao poder. A moderação do Bloco de Esquerda e do PCP – que já aceitaram, de facto, coisas como o congelamento dos salários da função pública no próximo ano – levará a essa mais do que certa aprovação. O governo vai encarregar-se de permitir que, a troco de mais um Orçamento “a cumprir escrupulosamente os compromissos europeus”, tanto o Bloco de Esquerda como o PCP tenham possibilidades de afirmar que o acordo de esquerda está a ser cumprido. Ora, o acordo que sustenta o governo é baseado exatamente no “escrupuloso cumprimento dos compromissos europeus” e é evidente que tanto o Bloco de Esquerda como o PCP estão a dar o aval à continuação em Portugal da “política única europeia” – aquela que, para conter o défice, obriga a cortar no investimento público ou em qualquer outra coisa, Obriga a cortar, ponto. 

Até onde é possível ao Bloco de Esquerda e ao PCP sustentarem a contradição entre apoiarem o governo PS, que cumpre a política europeia e não tenciona deixar de o fazer – uma coisa é “falar alto na União Europeia”, outra é “desobedecer”, como pede José Manuel Pureza -, e continuarem a defender os respetivos programas? 

É evidente que toda a gente dentro e fora do Bloco e do PCP tem a noção de que este acordo foi um milagre. Pôr os partidos à esquerda do PS a defender um governo que cumpre as regras europeias era, até agora, considerado impensável. Mas tanto o Bloco como o PCP têm consciência de que isto é uma aventura que lhes pode custar caro. 

Quando José Manuel Pureza afirma ao i que o cumprimento das regras da União “acabará por colidir” com o acordo de governo, está a mostrar esse incómodo e a anunciar o fim da aventura num futuro próximo. Esse fim não é para já, evidentemente.