Educação. Alunos que chumbem aos 12 anos vão passar a ter tutores

Educação. Alunos que chumbem aos 12 anos vão passar a ter tutores


Tiago Brandão Rodrigues vai acabar com o ensino vocacional no básico. Os jovens com insucesso escolar vão ter tutorias de quatro horas semanais


Vem aí mais uma mudança na educação: acaba o ensino vocacional e são criadas as tutorias. A ideia do ministro Tiago Brandão Rodrigues é dar uma oportunidade aos alunos que, a partir dos 12 anos, tenham uma ou mais retenções. Nuno Crato tinha decidido que estes estudantes deviam integrar cursos vocacionais – ou seja, cursos práticos profissionalizantes. Mas Brandão Rodrigues recusa o que diz ser uma “segregação precoce” dos que têm dificuldades de aprendizagem e vai dar-lhes tutores.

Na prática, estes tutores serão professores que terão quatro horas por semana – fora do horário letivo – com estes alunos, em grupos de dez no máximo, para lhes darem um acompanhamento próximo e ajudá-los não só a estudar melhor, mas a fazer opções sobre os cursos que vão frequentar ou dar aconselhamento sobre problemas de comportamento ou a relação com outros professores e alunos.

MODELO HOLANDÊS

“Será um apoio ao estudo, um apoio socio-emocional, um apoio à relação com a escola”, resume o secretário de Estado da Educação, João Costa, explicando que estes docentes vão acabar por ser “o adulto de referência que, muitas vezes, não existe nas famílias”. 

O programa inspirou-se num projeto que já está a ser desenvolvido na Holanda e que se chama “Too Young To Fail” (“demasiado novo para chumbar) e baseia-se na ideia de que, aos 12 anos, é demasiado cedo para que o insucesso escolar determine o percurso pedagógico de um jovem.

As tutorias vão começar a funcionar já no próximo ano letivo, altura em que não vão abrir mais turmas de início de ciclo nos cursos vocacionais. Os alunos que já frequentam esta oferta pedagógica vão poder concluí-la, mas a ideia é erradicar a via vocacional no básico. Cursos profissionais, só no secundário.

Quem estiver nestas tutorias pode depois escolher um dos vários percursos pedagógicos que já existem e que podem ir da via regular de ensino a turmas com percursos alternativos ou cursos de educação e formação.

O Ministério da Educação explica que as horas que os professores tutores – que receberão formação para desempenhar a tarefa – usarem com estes alunos serão consideradas como parte da componente letiva do seu horário de trabalho. E o ministro admite mesmo que pode vir a ter de contratar mais docentes para garantir estas tutorias.

INVESTIR 15 MILHÕES

“Vamos gastar mais dinheiro com os alunos que mais precisam”, afirma Brandão Rodrigues, que quer contrariar a política dos cursos vocacionais, “esses sim, feitos para poupar, porque eram muito mais baratos do que os da via regular”. 

Pelas contas feitas na 5 de outubro, o investimento máximo será de 15 milhões de euros. Mas esse valor só será atingido se for preciso contratar um número máximo de professores, coisa que não está garantida. Por um lado, é preciso saber quantos alunos terão uma ou mais retenções aos 12 anos no próximo ano letivo; por outro lado, pode haver já docentes nas escolas que precisem de completar a sua componente letiva de horário de trabalho.