Mais jogo, mais drogas, menos tabaco
Não se pode fumar aqui mas pode-se ali. Num sítio podem vender no outro não. Uns fazem barulho e volta-se atrás para não ferir susceptibilidades dos postos de combustível. Acho que é quem faz as leis que anda a tomar drogas e é das alucinógenas.
Andamos ao sabor do vento e não se vê um fio de condutor, nem uma estratégia coerente por parte de quem decide. Um dia é uma coisa, outro dia é outra. Não se percebe qual é o caminho nem se existe uma lógica ou planeamento que sustente as decisões. Assim vamos, alegremente castrados da nossa liberdade, cancelados e usados. Para quem tem negócios é um “vê se te avias”. As leis mudam sem olhar a meios e quem investiu que se desenrasque (para não dizer outra coisa que começa também por ‘d’ mas acaba em ‘merde’). Amanhã logo se vê. Breve chegará o tempo em que as casas de banho que os empresários de restauração foram obrigados a fazer passem a ser mistas e lá terão que ser feitas novamente alterações. Pouco importa desde que uns quantos iluminados achem que é para o “bem comum”, esse diabo disfarçado de boas intenções que nos quer encaixotar a todos.
De repente e quase em simultâneo vemos substâncias ilegais como as drogas sintéticas serem despenalizados desde que para consumo, uma nova lotaria europeia e mais restrições ao tabaco, mas vamos por partes. Comecemos pelas drogas. O diploma determina que, se a aquisição e a detenção das drogas exceder “a quantidade necessária para o consumo médio individual durante o período de 10 dias, constitui indício de que o propósito pode não ser o de consumo”, mas sim o de tráfico, quando antes o limite máximo era de cinco dias. Não é que tenha alguma coisa contra mas acho maravilhoso determinar-se o que pode ou não ser para consumo. Qual é o limite? Qual é a diferença em termos de quantidade de uma pessoa que consuma bastante e um traficante que não se lembre de andar com quilos no carro ao melhor estilo de um mercado abastecedor? Fica à sugestão do freguês ou do policia que o apanhe?
Quanto ao jogo, acho fabuloso que existam cada vez mais estudos que indiquem que é dos casos mais perigosos de adição (ainda recentemente vimos o caso das raspadinhas), que é aquele que claramente pode levar mais facilmente à ruína financeira e mesmo assim vamos aprovar uma nova lotaria com o nome de EuroDreams, ou seja em português o sonho europeu. Uauuuuu! Esperem mas não é tudo, segundo dizem, este novo jogo foi pensado para os mais jovens! Melhor ainda.
Os sorteios vão acontecer duas vezes por semana e os prémios funcionam em regime de anuidade, sendo pagos em prestações mensais, ao longo de vários anos. Que ideia épica.
Já o tabaco, uma substância aparentemente legal, mesmo com vários estudos que apontam para novas soluções apresentadas pelas tabaqueiras que diminuem o efeito do mesmo e com um esforço para que se alterem hábitos de consumo, mete-se tudo no mesmo saco e cada vez se vai tirando mais direitos aos seus consumidores. Em vez de se apostar na prevenção, colocam-se barreiras. Não se pode fumar aqui mas pode-se ali. Num sítio podem vender no outro não. Uns fazem barulho e volta-se atrás para não ferir susceptibilidades dos postos de combustível. Acho que é quem faz as leis que anda a tomar drogas e é das alucinógenas.