21/09/2023
 
 

Burning Mess Fest

 Uma das cada vez mais frequentes tempestades norte-americanas, tornaram aquilo que seria um autentico ambiente de festa numa espécie de sequela do programa Survivor.

O Burning Man, para quem não conhece, é considerado por muitos o melhor festival do mundo, sobretudo para um tipo de público que gosta de musica eletrónica e de um espirito mais alternativo. Um grande e original espetáculo de luzes e som, com características muito próprias, a começar pelo local onde se realiza. No meio do deserto do Nevada nos Estados Unidos da América uma autêntica comunidade instala-se, sub dividida por acampamentos meticulosamente desenhados para proporcional uma experiência inigualável. Visto de cima, uma esfera redonda com milhares de pontos como se tratasse de um qualquer cenário futurista e para quem lá passa é um autentico reviver a memória dos filmes Mad Max eternizados no cinema pelo diretor George Miller e com Mel Gibson no papel principal. Gigantescos cenários e estruturas decorativas que se erguem autenticamente no meio do pó.

Bilhetes com dormida que podem ascender a dezenas de milhares de euros, dependendo do “pacote” que se compra e a ambição de se ser ousado seja nas roupas ou na dinâmica de convívio. Tornou-se aliás uma moda, o estilo usado no Burning Man, copiado e repetido por festas e pessoas um pouco por todo o lado, havendo até sites que promovem sugestões de dress code. Este ano, para não variar, muitos milhares de festivaleiros acorreram ao deserto para celebrar a vida e à procura de uma diversão sem limites e uma vez mais a correria aos bilhetes fê-lo esgotar em poucas horas. O problema é que uma das particularidades do festival é esse mesmo, o de ser num deserto, longe de tudo. E o ser num deserto implica estarmos sujeitos a uma série de condicionalismos próprios dessa atmosfera. Não é aliás por acaso que para se poder entrar no espaço, mesmo com bilhete, é preciso demonstrar capacidade de subsistência, mantimentos em consonância e várias outras exigências para que tudo corra da melhor forma possível.

Este ano não correu. Uma das cada vez mais frequentes tempestades norte-americanas, tornaram aquilo que seria um autentico ambiente de festa numa espécie de sequela do programa Survivor. Ventos fortes, muita chuva e condições climáticas impraticáveis fizeram com que cerca de 70 mil pessoas ficassem “presas” no meio do deserto, em condições dignas de um filme de terror e com apelos para que racionassem o melhor possível a comida e os seus espaços para dormir para que se pudessem aguentar a um cenário onde a lama e as inundações viraram palco principal. Por lá ainda se mantêm, à espera que tudo melhore e que possam enfim sair para regressar às suas casas. Enquanto as estradas de acesso continuam fechadas e o tempo não melhora, vão-se sucedendo os relatos de quem pensou que iria encontrar um cenário de festa e se deparou com verdadeiras piscinas de lama que impediram os acessos e pouco permitem que quem lá está se desloque.

Enquanto já existe uma morte a relatar, embora ainda não se saibam as causas da mesma, os organizadores tudo vão tentando para que este não seja o princípio do fim de uma era em que ter acesso ao Burning Man era ser-se diferente e especial. Por cá o Boom Festival foi um sucesso que vai crescendo a cada dois anos e assume-se cada vez mais como uma referência internacional sem igual. Veremos o que os próximos capítulos desta história nos reservam. Para os meus amigos que lá estão, que tudo lhes corra bem e saiam de lá sãos e salvos.

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