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"Remendos", "insuficiente", "ilusão", "modesto". As críticas da oposição às medidas de apoio às empresas

"Remendos", "insuficiente", "ilusão", "modesto". As críticas da oposição às medidas de apoio às empresas

Joana Mourão Carvalho 15/09/2022 18:22

A análise geral dos partidos da oposição é de que as medidas anunciadas pelo Governo são insuficientes. À esquerda critica-se ainda a recusa do Executivo de António Costa em taxar os lucros excessivos das grandes empresas.

Sem grandes surpresas, a análise dos partidos da oposição sobre o pacote de apoios às empresas anunciado pelo Governo é semelhante à que fizeram há duas semanas sobre as medidas para as famílias. O consenso geral é que as medidas não passam de “remendos” e “ilusões” que não respondem às dificuldades do setor empresarial.

“Este é um pacote de remendos que nada faz para solucionar nem os problemas conjunturais que as empresas têm nem os problemas estruturais. Grande parte são medidas recicladas que só vão aumentar o endividamento do setor empresarial”, afirmou Carlos Guimarães Pinto.

Na ótica do deputado da Iniciativa Liberal, o foco do Executivo socialista deveria estar em reformas estruturais que “permitam às empresas serem suficientemente sólidas para não estarem sempre de mão estendida perante o Estado”. 

“As empresas não precisam de esmolas, de ajudas. Precisam que as deixem crescer sozinhas sem que o Estado se apresente como um entrave a esse crescimento”, frisou, defendendo que as empresas precisam é de ter menos dificuldades de “regulação, burocracia e fiscais”, para que “se possam capitalizar nos tempos bons para fazerem face aos períodos maus”.

Pelo PSD, Paulo Rios de Oliveira mostrou-se desiludido, considerando que “a montanha pariu um rato” e que o partido “fez a sua parte” ao apresentar medidas alternativas. 

“O pacote do Governo em bom rigor é constituído maioritariamente por empréstimos, sempre a reboque daquelas expressões que os socialistas gostam de usar, um nome bonito como ‘Energia para Avançar’ e depois algo para a formação, para o transporte, para as linhas de apoio, mas na realidade deveriam estar mais preocupados na abrangência, porque o que era urgente para alguns, neste momento é urgente para todos”, alertou o deputado.

Os sociais-democratas esperavam também que o Governo utilizasse “de forma ambiciosa” os impostos que está a arrecadar com o aumento da inflação.

Também o Chega lamentou que o Governo tenha anunciado “poucos apoios novos” para as empresas, considerando que se limitou a aumentar os que já existem e a avançar com medidas “mais do mesmo”.

“O Governo faz uma apresentação de remendos e de truques para maquilhar aquilo que é a verdade”, traçou o líder do partido, salientando que o pacote em questão traduz-se em “pequenos aumentos de linhas de apoio que já existem”.

“Tirando o apoio à formação, o pacote que é apresentado significa muito pouco nas contas finais da maior parte das empresas”, afirmou André Ventura, salientando que “a maior parte do universo empresarial português fica de fora destes apoios”. 

À esquerda, o PCP considerou que se trata de um “pacote insuficiente” por não considerar as micro, pequenas e médias empresas “nem avançar com medidas concretas para controlar e fixar os preços da energia''. 

Para a líder parlamentar comunista, “não tabelar os preços significa na prática a subsidiação dos grupos económicos no setor energético”. Paula Santos registou ainda “a resistência do Governo em tributar os lucros dos grandes grupos económicos” e acusou o Executivo de configurar uma “ilusão ao fazer referência ao montante global do pacote quando mistura linhas de crédito com apoios a fundos perdidos”. 

Já o Bloco de Esquerda registou que as medidas são “muito curtas”, considerando que a maior parte são “recauchutagem de medidas que já existem e com pouca capacidade para chegar às pequenas empresas que estão com maiores dificuldades”.

Em declarações aos jornalistas, a coordenadora bloquista criticou o Governo por dar “apoios em miniatura” enquanto recusa taxar os lucros excessivos.

“Bem sei que os recursos do Estado não são infinitos, mas então não se percebe porque é que o Governo decide condenar as famílias e as pequenas empresas enquanto continua a recusar taxar os lucros excessivos que é uma medida que se pede por toda a Europa”, apontou.

Catarina Martins disse que é “absolutamente inaceitável e incompreensível” que as grandes empresas não sejam chamadas a fazer os mesmos esforços que o resto do país, acrescentando que o primeiro-ministro António Costa ainda não deu “um único argumento” para se recusar a taxar os lucros extraordinários. “O Governo comporta-se como advogado da Galp ou da EDP”, atirou.

“Quando falamos em lucros excessivos são lucros já depois do pagamento de todos os impostos. Estas grandes empresas fizeram 6 mil milhões de euros de lucro à custa dos salários e das pequenas empresas que estão estranguladas. Cada dia que a medida se atrasa é um dia em que há cada vez mais lucros e em que as grandes empresas podem estar seguras que não acontece nada”, continuou a líder do BE.

Rui Tavares, do Livre, também considerou “incompreensível o anúncio de um pacote tão modesto de apoio”. Para o deputado único “o apoio às empresas pode ir buscar o excedente do IVA, a folga que existe nas regras europeias e nos lucros excessivos das empresas e pode ter o dobro ou triplo do tamanho”, segundo as contas do partido.

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