Na Grande Lisboa, casos de covid-19 só não diminuíram na capital

Na Grande Lisboa, casos de covid-19 só não diminuíram na capital


Direção-Geral da Saúde divulgou esta terça-feira os dados por concelho, que estavam suspensos desde dia 4. Novos casos abrandaram nos subúrbios, mas não em Lisboa, onde só uma freguesia está na lista das “piores”.


Quinze dias depois do apertar das medidas na Área Metropolitana de Lisboa (AML), os novos casos abrandaram nos subúrbios, mas não se verifica ainda uma melhoria na capital. À porta de mais uma quinzena de medidas diferenciadas em Lisboa, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou esta terça-feira os dados sobre o número de casos reportados por concelho, informação que tinha estado suspensa nos boletins diários desde 4 de julho devido a um erro informático. Em vez de atualizar todos os boletins dos últimos dias, a DGS atualizou apenas os totais acumulados de casos até terça-feira. Ainda assim, analisando a média de casos nos últimos 14 dias e comparando com o período anterior, a situação parece ter melhorado nos concelhos da periferia de Lisboa, a tendência que tem sido transmitida pelo Governo, enquanto na capital há uma estabilização. Se, até ao início de julho, Sintra era o concelho com mais novos casos, a melhoria da situação faz com que Lisboa seja agora o concelho com mais novos casos. Só desde 4 de julho, a capital somou mais 439 novos casos, superando a barreira dos 4 mil casos diagnosticados desde o início da epidemia em março. No concelho de Sintra, que passou o patamar dos 3 mil casos, registaram-se 369 novas infeções. Na Amadora foram 209; em Loures, 176; e, em Odivelas, 166. Para efeitos de comparação, como tende a haver flutuações semanais no reporte de casos (menos ao fim de semana, mais no final da semana), comparar as médias diárias nos últimos 14 dias ajuda a perceber as tendências. Se na segunda quinzena de junho, entre dias 16 e 30, Sintra tinha registado uma média diária de 48,9 novos casos, nos últimos 14 dias, o número baixou para uma média de 39,3 novos casos por dia. Na Amadora, a média diária baixou de 29 casos por dia para 20,8; em Loures, de 23,9 para 18,6; e, em Odivelas, de 20,2 para 17,7. Já em Lisboa registou-se nos últimos 14 dias uma média diária de 41,5 novos casos, no mesmo patamar em que estava no início do mês (41,4).

Só uma freguesia sinalizada

O Governo anunciou que as medidas vão manter-se como até aqui, com as 19 freguesias sinalizadas no início do mês a manterem-se em estado de calamidade, mas não foi detalhada a situação em cada uma. Em Lisboa, apenas a freguesia de Santa Clara integra a lista, que inclui depois todos os concelhos da Amadora e de Odivelas, duas freguesias de Loures e as seis freguesias urbanas de Sintra. O i tentou perceber junto da DGS e do Ministério da Saúde se a freguesia de Santa Clara se mantém a única sinalizada na capital e qual o indicador usado para definir as freguesias abrangidas pelas medidas mais apertadas, que incluem ajuntamentos limitados a cinco pessoas e dever de recolhimento domiciliário, mas não teve resposta. Na segunda-feira, a ministra da Presidência e do Estado explicou que apesar da diminuição da incidência de novos casos por 100 mil habitantes nos concelhos da AML, a situação ainda não dá garantias de tranquilidade. Nestes concelhos, a incidência de novos casos situou-se, nos últimos 15 dias, no patamar dos 121 por 100 mil habitantes, isto quando a linha vermelha usada nas comparações internacionais para distinguir países e regiões têm sido os 20 casos por 100 mil habitantes. A última análise semanal do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC na sigla inglesa), divulgada no fim de semana, indica, por exemplo, que nos 14 dias até 10 de julho, a incidência de novos casos de covid-19 na União Europeia e Reino Unido foi de 12 novos casos por 100 mil habitantes. Nos últimos 14 dias, Portugal, como um todo, reportou 47,9 casos por 100 mil habitantes, o que continua a ser dos números de notificações mais elevados da Europa, mas a tendência tem sido de estabilização. O ECDC destaca uma tendência de aumento na Áustria, Croácia ou Luxemburgo.

O resto do país mantém-se em estado de alerta, com ajuntamentos limitados a 20 pessoas. À hora de fecho da edição desta terça-feira, não era ainda conhecida a resolução do Conselho de Ministros com o prolongamento das medidas. A decisão, publicada entretanto em Diário da República, mantém o país a três velocidades até 31 de julho.

O Norte, que na semana passada foi a região que registou um maior aumento dos novos casos, mantém-se no patamar dos 40 por dia. De acordo com a atualização feita terça-feira nos boletins da DGS, o concelho de Vila Nova de Gaia foi o que registou uma maior subida no número de casos desde 4 de julho, com 78 novas infeções. Segue-se Santa Maria da Feira, com mais 63 novos casos neste período. O boletim atualizado da DGS mostra ainda um aumento de 47 casos em Paços de Ferreira, 36 em Miranda do Douro e 32 em Vila do Conde.

O Porto, onde os dados não mudavam desde o início de junho, surge agora com mais 13 casos, embora a contabilidade de casos nos boletins da DGS já tenha sido contrariada por médicos da Invicta. “Nas últimas duas últimas semanas de maio e na primeira de junho havia um ou outro novo infetado e agora temos uma média de três por dia. Claramente, temos tido casos confirmados de residentes nos concelhos do Porto, Maia e Gondomar”, disse ao Expresso Nélson Pereira, do serviço de urgência do São João. 

Terça-Feira foram confirmados ao todo 233 novos casos no país e o número de novas infeções reportadas em Lisboa (143) foi o mais baixo desde 25 de maio, sendo preciso esperar para ver se a quebra se mantém, já que até aqui tem andado sistematicamente entre as 200 e 300 novas infeções por dia. Foram reportados 17 novos casos no Algarve, acima do habitual nos últimos dias. Apesar das flutuações, que deverão manter-se, o número de doentes internados nos hospitais, a maioria em Lisboa, tem-se mantido relativamente estável.