A incerteza em torno do acesso ao ensino superior vai aumentando à medida que o tempo passa. E a realização dos exames nacionais continua sem data definida, enquanto se aguardam as decisões do Governo – anunciadas para 9 de abril. Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, já falou sobre a eventualidade de serem recalendarizados de junho para o início do próximo ano letivo – final de setembro ou início de outubro – e essa parece ser uma decisão que agrada à área da Educação. «Sim, é mesmo uma das nossas posições. Mantê-los mas recalendarizá-los. Nessa altura, haveria um reforço de professores para acompanhar os alunos. E não podemos esquecer os cursos profissionais e o ensino artístico. Os estágios não são feitos por causa do encerramento das empresas e também tem de se pensar nas provas de aptidão», disse Mário Nogueira ao SOL.
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, corroborou a ideia e admitiu que não se opõe, caso o Ministério da Educação decida adiar a realização dos exames nacionais para daqui a cinco ou seis meses. «Terá de haver certamente uma recalendarização da realização dos exames nacionais e talvez empurrá-los para setembro. Mas o Ministério da Educação tem de ter em atenção várias coisas, nomeadamente a saúde de todos nós, e depois terá de pensar também nas preocupações dos jovens. Estão naturalmente preocupados com o acesso ao ensino superior. Mas se a decisão for empurrar a realização dos exames nacionais lá mais para o final do ano, não me oponho», sublinhou ao SOL.
O primeiro-ministro, António Costa, também confessou, em entrevista à Renascença, que o melhor será «ajustar calendários» e não alterar regras. Para que seja possível «recuperar este tempo que não foi perdido. Houve um enorme esforço nesse sentido», disse António Costa, avançando ainda que o limite previsto para o regresso às aulas presenciais é 4 de maio.
Até lá, um dos cenários previstos pelo Governo é complementar o ensino digital através da televisão para reduzir as desigualdades sociais. «Parece-me um modelo interessante, mas há que ter a noção de que se trata de um regime transitório. O ideal é o regime presencial, não há dúvidas em relação a isso. Mas a tele-escola pode resultar entre os mais velhos, talvez no secundário, mas nos mais jovens não acho que seja uma estratégia que possa resultar», avançou Filinto Lima.