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Terminal de Lisboa. Passageiros encolhem e gastos também

Terminal de Lisboa. Passageiros encolhem e gastos também

Sónia Peres Pinto 16/02/2020 12:25

Lisboa recebeu o Óscar para melhor porto de cruzeiros dos World Travel Awards, mas ainda assim, a sua utilização está aquém das suas capacidades. Madeira bate recordes e Açores caminha a passos largos para esse registo.

Só no ano passado, o Porto de Lisboa contabilizou a passagem de 72830 passageiros em turnaround, ou seja, passageiros que iniciaram ou terminaram cruzeiros nesta infraestrutura. Este número representa um crescimento de 17,3% face ao ano anterior. 

Ao longo do ano passado, foram contabilizados mais de 36 mil passageiros a desembarcar no terminal da capital, um aumento superior a quatro mil pessoas face a 2018. Não tivesse Portugal recebido o Óscar para melhor porto de cruzeiros dos World Travel Awards (WTA). 

Mas nem tudo são boas notícias. O número de passageiros totais caiu 1,1% para pouco mais de 72 mil. Também o mês de dezembro não foi animador ao registar um decréscimo de oito navios quando comparado com igual mês do ano anterior. “Também a registar resultados menos positivos no último mês do ano estão também o número de passageiros totais, com uma quebra de 26,2%, passando de 40176, em 2018, para 29635, e o número de passageiros em trânsito, que diminuiu de 38061 para 28023”, revela o Observatório do Turismo de Lisboa.

Esta quebra deve-se ao decréscimo de dois dos seus principais mercados: britânico e italiano. Ainda assim, a Alemanha tentou compensar esta redução.

Este cenário é reconhecido pelos responsáveis do setor e, por isso, não é de estranhar que o plano estratégico 2020-2024 levado a cabo pela Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa e pela Associação de Turismo de Lisboa reconheça que esta infraestrutura está “longe de atingir o seu potencial”. E deu como exemplo, a taxa de utilização em 2018 que foi de 72% quando tem capacidade para receber 800 mil passageiros.

Recorde-se que o novo terminal de cruzeiros de Lisboa foi inaugurado em novembro de 2017, depois de o Governo ter previsto a sua entrada em funcionamento para maio e, posteriormente, a sua inauguração no verão, o que não chegou a acontecer. A sua inauguração ocorreu quando recebeu um navio com 3500 passageiros.

A infraestrutura conta com um edifício com 13800 metros quadrados em três andares e capacidade para 800 mil passageiros por ano, o que representa um aumento de 300 mil face aos números anteriores.

Quem são os turistas?

De acordo com o último inquérito a passageiros de cruzeiro feito pelo Porto de Lisboa a maioria dos turistas que chega à capital reside no Reino Unido (32%), logo seguido pela Espanha (22,1%) e pela Alemanha (12,9%). 

A maioria é do sexo masculino (73,3%) e quase 60% tem mais de 55 anos – 36,4% situa-se entre os 35 e os 54 anos e 4,1% fica abaixo dos 35. A grande maioria dos passageiros é casado ou em união de facto (88,2%). Em relação às habilitações literárias, quase 90% dos passageiros possuiu pelo menos um grau universitário. 

Já na cidade, a maioria dos passageiros optou por fazer uma excursão com guia comprada no navio, deixando para segundo plano aqueles que visitaram Lisboa pelos seus próprios meios. O autocarro turístico continua a ser a escolha de eleição, mas o passeio a pé e o uso de táxi ganham algum protagonismo. 

Em média, estes passageiros estiveram 11:26 horas em Lisboa e apenas cerca de 5% pernoitou na capital. 

Mas vamos a gastos. De acordo com o mesmo inquérito, os passageiros gastaram em média 18,88 euros durante a sua passagem por Lisboa. Um número bastante inferior em relação a anos anteriores (cerca de 49 euros) e bem longe dos dados avançados pelo Outlook Report 2020 da CLIA, a maior associação mundial de operadores de navios de cruzeiro, ao revelar que um passageiro de navio de cruzeiro, antes de embarcar, gasta em média 376 dólares (cerca de 339 euros). Já em escala é de 101 dólares (91 euros).

Açores e Madeira em recordes

Mas não é só Lisboa que vive desta atividade. O porto de cruzeiros do Funchal registou, em janeiro, o maior número de passageiros de sempre ao registar um aumento em mais de 700% do número de turnaround. De acordo com os dados da administração dos portos da Região Autónoma da Madeira (APRAM) quase 1500 passageiros iniciaram cruzeiros no Funchal em janeiro e outros 1379 terminaram as suas viagens, um aumento de 727,8% e 730,7%, respetivamente.

Já os passageiros em trânsito, que apenas permanecem algumas horas no destino, enquanto o navio está em escala, aumentaram apenas 0,2% ou 104, para 69 mil. Feitas as contas, no conjunto dos dois segmentos, o porto do Funchal somou este janeiro 71877 passageiros, batendo o recorde de 2012, altura em que atingiu os 70106 passageiros.
Já no ano passado, os números tinham sido positivos. O Porto do Funchal contou com 593667 passageiros, o que permitiu recuperar o título de “maior porto de cruzeiros em Portugal”. 

As perspetivas também são animadoras para os Açores. A Portos dos Açores prevê receber nas estruturas portuárias da região cerca 177 escalas de navios das diversas operadoras internacionais mais significativas. Em 2019 a região recebeu 142 escalas de navios de cruzeiros.

“O ano que ainda agora começa será de crescimento no que respeita às escalas de navios de Cruzeiros nos Portos da Região, resultado de uma aposta estratégica com resultados inequívocos por parte do Governo dos Açores. De facto, o turismo de cruzeiros irá crescer em 2020 cerca de 28% em número de passageiros desembarcados relativamente a 2019 e 25% em número de escalas previstas”, refere. 

Segundo os responsáveis pela Portos dos Açores, serão desembarcados nos portos da Região cerca de 190 mil cruzeiristas, o que representa um aumento bastante significativo se tivermos em conta os cerca de 160 mil desembarcados em 2019. Já em relação ao mês com maior movimento, abril é o mês de eleição: com 59 escalas previstas, embora maio, com 32 e novembro, com 17, se assumam como meses de considerável movimentação portuária.

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