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O Parque. “Escolas sem tecnologia são como aliens para os miúdos de hoje”
Aqui, o recreio chama-se “My Time” e são os alunos que escolhem o que fazer

O Parque. “Escolas sem tecnologia são como aliens para os miúdos de hoje”

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Marta Cerqueira 09/04/2016 11:58

No próximo ano letivo, O Parque será a primeira escola internacional em Lisboa para alunos até ao 12º ano. Aqui fala-se inglês quase como língua materna, praticamente não há livros, mas cada aluno tem um iPad

Aviso: os próximos dois números podem ferir a suscetibilidade dos mais sensíveis à evolução da espécie: 70% dos futuros empregos dos alunos do primeiro ano ainda não existem e 50% dos empregos atuais podem facilmente ser transformados em trabalhos feitos por máquinas.

Perante este cenário, existe mais que uma opção: ignorar e continuar a tirar cursos sem saída, lutar contra o uso de máquinas que já recebem os trocos nas portagens e onde pagamos na bomba de gasolina, ou mudar o chip e ganhar bases para um futuro mais tecnológico. Se a escolha recair sobre o terceiro item desta lista, o número 21 da Avenida das Descobertas, em Lisboa, pode servir de pequena incubadora de ideias.

Na escola O Parque, além de ensino bilingue, tudo é feito com base na tecnologia. Ensina-se programação até ao terceiro ano e, a partir do quarto, cada aluno tem um iPad. Existem computadores e impressoras 3D disponíveis para os alunos usarem nas apresentações à turma e aos pais que têm de fazer periodicamente, como forma de perder o medo de falar em público. “Estes alunos saem daqui preparados para o novo mundo do trabalho, que é bem diferente daquele que os seus pais tiveram de enfrentar”, explica ao i a fundadora e diretora d’O Parque, Barbara Beck Lencastre. Pega no iPhone que tem pousado à frente e garante: “Isto tem mais informação hoje do que a Casa Branca tinha há 20 anos.”

Foi com esta premissa que Bárbara se juntou a Marta Vilarinho, encarregue da vertente pedagógica, para criar uma escola diferente. Em 2002 implementaram o modelo de ensino em escolas dentro de empresas, “feitas para facilitar a vida aos pais que lá trabalhavam”, esclarece. O interesse de quem via o programa de fora fez com o que o projeto alastrasse a uma escola independente que se prepara para alargar o curriculum até ao 12.o ano. Este investimento de 7,5 milhões de euros, que prevê a construção de uma nova infraestrutura na zona do Restelo, vai fazer d’O Parque a primeira escola internacional de Lisboa.

Tecnologia como base Quem escolhe ensinar nesta escola tem de estar preparado para entrar na sala e fugir ao clássico “abram o livro na página 43”. Aqui praticamente não há livros e, até ao terceiro ano, os alunos constroem a sua própria sebenta com a informação que vão recolhendo ao longo do ano. A partir do quarto, tudo isso é substituído pelo iPad, usado em todas as disciplinas. Bárbara considera mesmo que “escolas sem tecnologia são como aliens para os miúdos de hoje” e é por isso que, na escola que dirige, os trabalhos finais tanto podem ser feitos com material reciclado como montados através de uma impressora 3D. Como ponto comum para estes trabalhos estão as apresentações feitas em frente à turma ou a uma plateia composta por pais e professores. “Pode entrar em qualquer sala e pedir a um aluno que se levante e explique a matéria aos colegas que ele fará isso sem vergonha”, garante.

O bilingue que faz a diferença Aquilo que começou apenas como uma escola para miúdos do pré-escolar foi-se alargando ao longo dos anos, muito a pedido dos pais. Para isso contribui não só o facto de se tratar de uma escola bilingue, mas principalmente as diferenças do método de ensino escolhido pela direção. Na creche e jardim-de-infância, o programa é individualizado e capacita as crianças a explorarem o mundo através dos cinco sentidos, seguindo ritmos individualizados. O primeiro ciclo aposta numa aprendizagem ativa, com uma pedagogia de projeto em que as disciplinas se complementam. Este programa alarga-se até ao segundo ciclo, com uma ajuda extra sobre métodos de estudo.

A partir do próximo ano letivo e a começar com aqueles que seguem agora para o sétimo ano, o terceiro ciclo vai seguir o curriculum internacional de Cambridge, um modelo que permite tanto uma continuação do método particular da escola como a constante integração do português como língua habitual em algumas disciplinas.

“O cérebro das crianças funciona como uma esponja e é por isso que para eles é supernatural que passem de uma matéria dada em português para o inglês da aula seguinte”, refere Bárbara. Por exemplo, até ao quarto ano têm Estudo do Meio como todos os outros alunos, mas enquanto os reis são dados em português, o sistema solar é aprendido em inglês. A partir do quinto ano mantêm o Português, a Matemática e a História em língua portuguesa, mas todas as restantes disciplinas já são dadas em inglês, numa espécie de preparação para o que aí vem.

Se até aqui apenas 5% da escola do Restelo - uma das quatro do projeto, que se divide também por Cascais, Belém e Taguspark - era composta por alunos estrangeiros, o anúncio do alargamento do ensino internacional até ao 12.o fez disparar o número de interessados. Dos atuais 850 alunos repartidos pelas quatro escolas, está previsto que seja superada a marca dos 1700 nos próximos cinco anos.

Em setembro, as novas turmas vão ocupar um espaço criado para o efeito em Alfragide, mas já há data para o regresso ao Restelo, onde vão ajudar a completar a infraestrutura já existente: setembro de 2017.

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