
Líder parlamentar do PSD acusa o PS de querer fazer caridade com a distribuição de rendimento: ‘Até fica mal’, diz ao i.
Aos 42 anos, Luís Montenegro lidera a coligação em Aveiro, bastião social-democrata que já foi de Marques Mendes ou de Pacheco Pereira. Em final de legislatura, confessa estar disponível para continuar à frente da bancada parlamentar do PSD.
A coligação reagiu com uma certa euforia ao debate de ontem. Passos Coelho mudou de atitude em relação ao anterior frente-a-frente com António Costa?
Foi um bom debate. Creio que Pedro Passos Coelho teve em todos os debates um genuíno intuito de esclarecer os portugueses. E conseguiu mostrar a sua firmeza e preparação. Já António Costa apostou numa cassete de frases feitas e atrapalhou-se com os cortes de mil milhões nas pensões que o PS propõe. Além disso, evidenciou a sua impreparação para liderar o Governo. Passos Coelho saiu a ganhar no cômputo final dos debates.
O debate televisivo foi um choque para a coligação?
De maneira nenhuma. Só mesmo a especial situação de debilidade em que se encontra o PS e António Costa é que pode ter feito com que os socialistas se agarrassem a duas ou três tiradas, que nem tiveram substância, para dizer que o seu líder venceu um debate. Como quem diz“o homem está vivo”.
Mas fica a ideia de que Passos jogou para o empate.
Independentemente de um dos protagonistas ter sido mais agressivo na linguagem e outro mais sereno e mais consistente na argumentação, as pessoas perceberam que há dois caminhos em julgamento nestas eleições. Não creio que ninguém tenha mudado de opinião por causa do debate.
A coligação tem associado o programa do PS à instabilidade. É um programa tão radical como PSD/CDS tentam dizer?
O dr. António Costa, de um momento para o outro, apareceu a apresentar promessas quase à razão diária. Apareceu, por exemplo, com uma proposta de intervenção na Segurança Social arriscadíssima – ele próprio, aliás, tem-se desdobrado em explicações e quando está atrapalhado remete para um estudo que encomendou a um grupo de economistas – como se houvesse agora um grupo de iluminados que descobriu a pólvora – que é composto pelos anteriores economistas do PS, como João Galamba e Pedro Nuno Santos. Um estudo que o PS não quis que fosse auditado.
A coligação também desistiu de pedir a auditoria desse estudo do PS.
Contra a vontade dos próprios não havia nada a fazer. Mas voltando à sua questão, se António Costa vencesse as eleições – que não vai vencer – tinha uma de duas saídas: ou rasgava as promessas, como fizeram François Hollande, Mateo Renzi e sobretudo Alexis Tsipras, os grandes referenciais europeus do líder do PS, ou seria o pai do quarto resgate socialista da democracia portuguesa. Isso é claro:uma vitória do PS e o cumprimento das suas promessas levava-nos direitinhos para o quarto resgate, porque não há como manter a capacidade de financiamento cumprindo todas as promessas de António Costa nestas eleições. Ou então o choque com a realidade iria obrigar o líder do PS a desdizer e a desfazer tudo aquilo que andou a prometer na campanha. Por isso é que eu acho que a pergunta é esta: vale a pena fazermos uma inversão de caminho, corrermos este risco e passar a imagem de que não estamos seguros no caminho a percorrer?
“Enquanto a coligação tem uma margem de crescimento na campanha, o PS esgotou qualquer possibilidade de crescer”
Quando coloca a questão nestes termos – a vitória do PS pode significar novo resgate – não revela a fragilidade da economia nacional ao fim dos quatro anos de legislatura da coligação?
Não revela fragilidades, mas sim uma situação de grande complexidade. PSD e CDS, e sobretudo no nosso primeiro-ministro, nunca esconderam isso. Não vivemos no país das maravilhas. E sabemos disto. Mas temos muito mais futuro com o caminho que estamos a seguir do que em qualquer aventura em que possamos entrar agora. Isso é indiscutível. Apesar da diminuição do desemprego, do crescimento da economia, do recorde que estamos a bater nas exportações e no turismo, das taxas de juro que estão em níveis muito inferiores aos que tínhamos em 2008, não podemos vacilar. Não estamos em condições de pôr em causa a estabilidade e credibilidade conseguidas nos últimos quatro anos.Mas isso não significa que não saibamos os riscos que corremos. E um dos riscos é este:trazer a instabilidade política e financeira ao país.
A paternidade da troika em Portugal marca esta última semana de pré-campanha. Passos Coelho não só escreveu uma carta a Sócrates como disse que o acordo com a troika era bom.
É preciso clarificar uma coisa: não fomos nós que deitámos o governo Sócrates abaixo. Sócrates foi apresentar o seu pedido de demissão ao Presidente da República porque entendeu que não tinha condições. António Costa e Silva Pereira, números dois e três de Sócrates, repetem que a entrada da troika em Portugal ficou a dever-se ao chumbo do PEC IV. O PEC IV é o memorando da vergonha socialista em Portugal. Era o quarto programa de austeridade em cima de outros três que não tinham funcionado. O PECIV vinha acrescentar cortes salariais na Administração Pública, cortes nas pensões acima dos 1500 euros, cortes na saúde de 510 milhões de euros. Estamos a falar de 2011 e 2012. Ou seja, o PEC IV é, pelo menos, equivalente ao memorando da troika.
Um dos aspectos criticados no modelo económico do PS é a proposta socialista do crescimento à custa do consumo privado. Os portugueses não precisam de mais dinheiro na carteira?
OPSquer distribuir rendimento de uma forma que às vezes roça a caridade. Parece que o Estado vai agora distribuir mais dinheiro para que as pessoas possam gastar. É um certo paternalismo que até fica mal ao PS. E, francamente, nos tempos de hoje já não se usa. O consumo privado em Portugal está a crescer cerca de 3%. As pessoas estão a recuperar rendimento. Porquê? Porque há mais pessoas empregadas; porque os trabalhadores da Administração Pública têm hoje mais rendimento do que tinham no ano passado; os pensionistas têm mais capacidade hoje do que tinham há um ou há dois anos. Mesmo nos tempos de maior dificuldade, tivemos a poupança a crescer em Portugal, o que revela que as pessoas não consumiam porque não tinham confiança e, com algum receio, pouparam. Hoje estão um bocadinho mais seguras em relação ao futuro e consomem mais.
Mas há gente na rua a protestar contra medidas que Passos Coelho jurou em 2011 que não ia adoptar. Como é que isso afecta a campanha?
Temos todo o interesse em esclarecer as pessoas que estão com mais dúvidas. O nosso objectivo na campanha não é convencer os que já estão convencidos. Eu encontro pessoas na rua que dizem que o PS não é a alternativa, porque não traz segurança e consistência para o futuro. Mas ainda não decidiram o voto. Por isso acho que temos uma grande margem de crescimento junto daqueles que são os nossos apoiantes de há quatro anos. Estamos a falar de 50% dos eleitores que quiseram uma mudança em Portugal, que mandássemos a troika embora. Os portugueses estão a ver o resultado daquilo que foi a sua expectativa há quatro anos.
“OPEC IVé o memorando da vergonha socialista em Portugal”
Mas a verdade é que a coligação não lidera nas intenções de voto.
Creio que Portugal é o único país da Europa em que um governo com o historial destes últimos quatro anos, com medidas difíceis, pode disputar as eleições em condições de as vencer e de as vencer de forma inequívoca. Tenho uma convicção muito profunda:é que enquanto a coligação tem uma grande margem de crescimento na campanha, o PS esgotou qualquer possibilidade de crescer do ponto de vista eleitoral. OPS não descolou quando o país enfrentou medidas mais restritivas; não descolou com a sua nova liderança e não descolou quando apresentou o seu programa eleitoral. De resto, tendo apresentado mais ou menos as mesmas orientações que nos levaram à desgraça, não era de esperar uma grande reacção dos portugueses.
António Costa é igual a José Sócrates?
Do ponto de vista das principais orientações políticas há, de facto, uma grande afinidade. O projecto político, no essencial, é muito parecido.
Paulo Rangel levou Sócrates para a Universidade de Verão do PSD. O poder judicial é hoje mais independente do poder político?
Se eu respondesse a esta pergunta iria reabrir esta discussão e esse ruído não fará bem à campanha.
Mas não me pode responder sem olhar para o caso de José Sócrates?
O que eu posso dizer é que foram feitas várias reformas estruturais na Justiça para a tornar mais célere e capaz de produzir o seu trabalho.
Miguel Macedo, ex-ministro do governo ainda em funções, é arguido no caso dos Vistos Gold, suspeito dos crimes de prevaricação e tráfico de influência. O incómodo que isso causa no PSD é semelhante ao que Sócrates causa no PS?
Não sei que incómodo Sócrates causa no PS. O que posso dizer sobre o processo que envolve o dr. Miguel Macedo é que tenho a convicção profunda de que qualquer imputação que lhe possa ser feita terá naturalmente uma explicação que irá desresponsabilizá-lo. Odr. Miguel Macedo é um homem sério, que eu conheço muito bem. Vamos ver se há ou não acusação. Ele neste momento não é acusado. Tem a qualidade de arguido no processo, o que, além do mais, também lhe permite usar todos os meios para a sua defesa. Não direi mais do que isso.
A venda do Novo Banco foi adiada esta semana. Não é adiar um desfecho que pode não ser favorável ao Estado?
Só podemos desejar que este processo possa terminar o quanto antes. Mas há uma preocupação que deve estar acima desta:vender bem, vender uma boa solução, uma boa operação. Se o governador do Banco de Portugal chegou à conclusão de que nenhuma das propostas era boa ao ponto da venda ser viabilizada, é porque isto não era bom para o sistema financeiro.
Em resposta às críticas, a coligação contra-ataca com a nacionalização do BPN. Não é arriscado fazer essa referência, tendo em conta que muitos gestores do BPN estavam ligados ao PSD?
De maneira nenhuma. Nós, PSD e governos do PSD, não temos nenhuma responsabilidade a assumir no que toca ao BPN. A questão da responsabilidade dos gestores, seja do BPN, seja do grupo Espírito Santo, não é uma questão do PSD – sejam estas pessoas mais ou menos próximas de nós. É responsabilidade das pessoas que estão a decidir. Mas há uma coisa que é muito elucidativa para a campanha:perante um problema num banco ou num grupo económico, a opção do PS é nacionalizar e pôr toda a gente a pagar. OPS defende uma solução à BPN, em que o Estado assumia os prejuízos do BES e do GES e depois apresentava a factura a todos os contribuintes. Não é a nossa solução.
Passos Coelho disponibilizou-se a ajudar os lesados. Portas seguiu o exemplo. Assinava uma subscrição liderada pelo primeiro-ministro?
Não vale a pena fazer demagogia sobre isto. Estamos todos disponíveis para assegurar, se for necessário, que as pessoas não deixem de ter uma decisão judicial. É isto que quer dizer a declaração do primeiro-ministro, secundada pelo senhor vice-primeiro-ministro, por mim e por todos nós. Não há de ser por insuficiência económica que as pessoas não poderão verificar no tribunal se têm ou não direito a ser ressarcidas.
“O PS quer distribuir rendimento de uma forma que roça a caridade. É um certo paternalismo que fica mal”
É a primeira coligação que cumpre uma legislatura até ao fim. Foi mais difícil reagir aos chumbos do Tribunal Constitucional ou manter coesos os dois partidos, PSD e CDS?
Foram duas tarefas duras, complexas e em simultâneo. Foi preciso enfrentar muita incompreensão naquilo que eram as medidas difíceis para a vida das pessoas. Foi também necessário gerir uma coligação com dois partidos diferentes, com identidades diferentes, com uma necessidade quase quotidiana de pôr acima de tudo o interesse de Portugal e convergir nisso, que era o fundamental. E com uma dificuldade acrescida que é não termos tido nenhum tipo de colaboração da oposição. Em todas as grandes reformas que foram feitas, o PS optou sempre pelo afastamento.
Esta crítica da coligação já é feita desde a direcção de António José Seguro.
Em ambas as direcções houve muito pouca colaboração, independentemente de ao nível parlamentar termos tido sempre uma relação cordial e democrática, saudavelmente democrática. Mas a verdade é que em matéria de fiscalidade, mercado laboral, reforma judiciária e em tudo aquilo que foram medidas de relançamento da administração para as próximas décadas, o PS optou pela situação mais fácil, que era pura e simplesmente agarrar-se a detalhes e manter-se sempre contra as grandes reformas.
O episódio do ‘irrevogável’ afectou a imagem de Paulo Portas?
Ele tem sido muito honesto quando se debruça sobre isto, dizendo que ficou uma mácula no seu percurso com a qual sabe lidar. Com a sua decisão de não prosseguir com a sua demissão Paulo Portas contribuiu para que em Portugal houvesse estabilidade política e que essa estabilidade pudesse trazer consigo um ciclo de crescimento e de recuperação.
Portas é um activo importante nesta campanha?
Sim. Passos é indiscutivelmente o líder da coligação, o rosto da firmeza, da consistência, da preparação do PSD/CDS para governarem o país. O Dr. Paulo Portas fez um trabalho notável na área das políticas económicas, com particular destaque para a internacionalização da nossa economia. Não é por acaso que temos hoje as exportações a subir. Isso é o resultado de um investimento na chamada diplomacia económica, que sempre foi uma bandeira nossa.
A foto de Passos e de Portas devia aparecer nos cartazes de rua?
Tenho a minha opinião mas não é relevante.
Passos Coelho devia ter ido ao programa Isto é tudo muito bonito mas, dos Gato Fedorento?
Não é essencial na campanha, francamente. Com todo o respeito pelo programa.
A certidão de óbito da coligação esteve quase assinada. Inclusive por pessoas dos partidos que a integram. Como recebiam internamente as críticas?
Com uma grande capacidade de resistência, quase de compreensão e de tolerância, no sentido de que certas críticas eram muito superficiais. E creio que muitas destas pessoas – apesar de terem feito estas críticas e apesar de terem identificado porventura uma ou outra falha, porque nós também não fomos infalíveis – vai colocar a cruzinha no quadradinho que diz coligação Portugal à Frente porque sabem, e não é só por uma questão de afinidade partidária.
Incluindo Manuela Ferreira Leite?
Estou convencidíssimo que dra. Manuela Ferreira Leite optará por votar na coligação. Mas não quero estar a intrometer-me na ponderação dela e de outras pessoas que caem nesse leque. Estou convencido, por aquilo que conheço do seu pensamento político, que não deixará de tomar essa opção.
Se a coligação vencer, acha que o PSD devia olhar para os seus quadros e reabilitar alguns deles?
Passos Coelho já deu enormíssimas demonstrações de ser muito criterioso e assertivo nas suas escolhas. Temos tido uma grande capacidade de chamar pessoas novas para a actividade política. Há quatro anos em Portugal ninguém sabia quem era o eng. Carlos Moedas, a dra. Maria Luís Albuquerque ou dr. Sérgio Monteiro. Há pessoas que apareceram nestes quatro anos, novos protagonistas que nós aproveitámos do ponto de vista das suas qualidades. Se fomos capazes de fazer isso num tempo tão difícil como esta legislatura, só podemos esperar continuar a fazer no futuro.
Maria Luís Albuquerque dava uma boa líder do PSD?
É um quadro de altíssima qualidade política e técnica e, portanto, tem seguramente uma intervenção relevante no futuro.
Pode passar pela liderança do PSD?
Não vou estar a especular. Já disse e repito: creio que até 2020/2021 não haverá nenhuma questão de liderança no PSD. Como tal, não vou fazer especulações a cinco anos de distância.
“Miguel Macedo é um homem sério, que eu conheço muito bem. Vamos ver se há ou não acusação”
E Luís Montenegro?
Está respondido.
Está disponível para continuar como líder parlamentar do PSD?
Estou. Digo isso publicamente sem nenhum tipo de problema. Tenho muita honra e muito orgulho em cumprir esta missão e em exercer esta função. Faço aquilo que gosto. Se o PSD entender, e se eu próprio entender, após as eleições, que há condições e vantagens de continuar nestas funções, aquilo que posso dizer é que terei o mesmo orgulho e a mesma honra em continuar.
Acredita que Cavaco Silva vai dar posse a um governo sem maioria?
Não é útil ao esclarecimento estar a construir cenários a 15 dias das eleições. Nós vamos até ao último minuto lutar por uma maioria de mandatos na Assembleia da República que dê condições de estabilidade e de governabilidade. Por aquilo que tenho visto nesta campanha, creio que é possível.
Insisto. Sem maioria nas urnas, a coligação pode virar-se para o PS?
Repito: a estabilidade é o valor fundamental numa economia que tem ainda grandes riscos, como falámos há pouco. Veja-se o que aconteceu na Grécia. Em quatro anos – a nossa legislatura – eles elegeram quatro governos e tiveram três programas de resgate. Olhando para a Grécia podemos verificar do que nos livrámos em Portugal. O que o Syriza disse ao povo e o que teve de fazer a seguir corresponde mais ou menos ao que diz o dr. António Costa, que festejou fervorosamente a vitória do Syriza na Grécia. Fomos capazes de manter a coligação quatro anos. Qual é a alternativa? Já que com o PCP parece que está mais difícil, o PS juntar-se ao BE?
“Nós, PSD e governo, não temos nenhuma responsabilidade a assumir no que toca ao BPN”
O PSDparece mais próximo de Marcelo Rebelo de Sousa. A que se deve esta aproximação?
(risos) Eu acho que a nossa prioridade para as eleições presidenciais é ganhar as legislativas.
Marcelo é o candidato melhor posicionado para vencer as eleições?
Não vou valorar os posicionamentos nem a decisão que viermos a tomar. Até porque isso também depende da disponibilidade das pessoas. Mas é indiscutível que o professor Marcelo Rebelo de Sousa é uma das pessoas que na área política do PSD e do CDS tem condições para poder disputar uma eleição presidencial e ser um bom Presidente da República. Isso é assumido e reconhecido por muita gente da nossa área política ou não. E também é verdade que os militantes dos do PSD e do CDS têm uma relação muito estreita com ele.
Seria o seu candidato?
Seria seguramente um excelente candidato. Já o disse várias vezes. Não é o único que nós temos, para nossa felicidade.
Não tenho medo nenhum de que na área política do PSD e do CDShaja várias possibilidades. Nem tenho nenhum drama se estas possibilidades forem mesmo assumidas. Não é obrigatório que a opção seja aglutinadora.
Há um ano e meio disse:“O país está muito melhor e a vida das pessoas ainda não está melhor”. Um ano e meio depois, a vida das pessoas já melhorou?
Um ano e meio depois posso actualizar essa frase dizendo que a vida quotidiana das pessoas recuperou muito. Estivemos a fazer aquilo que na agricultura se chama semear para colher. Nenhum agricultor enriquece no dia em que lança as sementes à terra. Só vai enriquecer no dia da colheita. O que nós tivemos em Portugal foi isso.