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Mortes na estrada. Fadiga causa maior parte dos acidentes com emigrantes
Emigrantes têm pressa de chegar a Portugal, diz secretário de Estado

Mortes na estrada. Fadiga causa maior parte dos acidentes com emigrantes

Emigrantes têm pressa de chegar a Portugal, diz secretário de Estado rodrigo cabrita Rosa Ramos 06/08/2015 10:50

Os últimos números mostram que todos os anos cerca de 40 emigrantes portugueses morrem em estradas espanholas. Demasiadashoras ao volante continua a ser o maior perigo.

Nem as autoridades portuguesas nem as espanholas estudam o fenómeno, mas todos os anos morrem dezenas de emigrantes no regresso a Portugal. A maioria dos acidentes, acredita o secretário de Estado das Comunidades, acontece em estradas espanholas. E o cansaço provocado por demasiadas horas ao volante continua a ser o maior inimigo dos emigrantes. 

“Acontece todos os anos. Saem do trabalho, não descansam e fazem-se à estrada porque querem chegar o mais depressa possível a Portugal”, diz José Cesário, que tem acompanhado nos últimos anos várias famílias de emigrantes mortos em acidentes nas estradas de França e Espanha. E a GNR confirma que a fadiga é o principal perigo para quem regressa, de carro, às origens. “Existem muitos acidentes conotados com o excesso de velocidade que na realidade têm a ver com cansaço e em que os condutores adormecem ao volante”, garante o chefe da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária da GNR. Tratando-se de uma causa que tem a ver com o comportamento dos condutores, o fenómeno será sempre de difícil combate. “É um factor de insegurança rodoviária que não conseguimos controlar porque depende da iniciativa das pessoas”, diz o tenente-coronel Lourenço da Silva.

40 mortos por ano Apesar de todos os anos morrerem emigrantes nas estradas, o fenómeno não é estudado. Em França e em Portugal, o número de emigrantes mortos em desastres nunca foi sequer contabilizado. Espanha – que todos os anos, especialmente no Verão, é atravessada por milhares de carros com destino a Portugal e a África – fez estatísticas até 2009. A Diréccion General de Tráfico (DGT) divulgava os números dos acidentes com estrangeiros – residentes, de passagem ou de férias – e os últimos dados mostravam que, todos anos, cerca de 40 portugueses morriam nas estradas espanholas, representando 11% do total de mortes de estrangeiros causadas por acidentes de automóvel. 

Um estudo do Real Automóvel Club de Espanha (RACE) revelou que em 2005 morreram 35 portugueses, 40 em 2006 e 47 em 2007 e 2008. E os especialistas já apontavam a fadiga como a principal causa destes desastres.

Os pontos negros Boa parte dos acidentes acontecem nas estradas mais usadas pelos emigrantes que regressam a Portugal vindos de países como França ou a Suíça. É o caso da EN 122 – onde no fim-de-semana morreram três crianças portuguesas – com passagem por Zamora e usada principalmente por emigrantes com destino a Trás-os-Montes e ao Minho. E também da A62, que atravessa Burgos e entronca na fronteira de Vilar Formoso, permitindo a entrada aos emigrantes das Beiras e da Região Centro. Mais a sul, a E90, que garante o acesso a Madrid, é outro dos pontos negros da sinistralidade com emigrantes portugueses. 

Os conselhos de sempre Lourenço da Silva, da GNR, destaca as campanhas de sensibilização dos últimos anos, realizadas nos pontos de fronteira mais procurados pelos emigrantes portugueses: Caia (usado por quem entra por Elvas, passando por Badajoz e Madrid), Vilar Formoso (Fuentes de Oñoro e Salamanca) e Valença (Galiza). 
Este ano a GNR teve a ajuda de uma associação de luso-descendentes francesa que elaborou e distribuiu flyers pelos automobilistas, com conselhos para uma viagem segura.

As recomendações são as mesmas de sempre. “Evitar longos períodos de condução, parar no mínimo 15 minutos de duas em duas horas, ingerir cafeína e evitar o consumo de álcool e de refeições pesadas”, recorda o chefe da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária da GNR. À chegada a Portugal, e apesar do enorme fluxo de viaturas nas fronteiras, costumam ser raros os casos em que os emigrantes estão em transgressão. Ainda assim, Lourenço da Silva adianta que os militares da GNR encontram com frequência viaturas em que as cargas e as bagagens estão mal acondicionadas. “Há objectos soltos no habitáculo do automóvel, que em caso de travagem brusca podem originar um acidente”, avisa o tenente--coronel. 

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