
De Dietrich Brüggemann com Lea van Acken, Lucie Aron, Anna Brüggemann, Michael Kamp.
**** estrelas
É tudo muito simples, claro, sem artifícios. É um paralelismo entre a Via Sacra, o caminho de Jesus até à cruz, e a vida de uma adolescente que não tem como escapar às exigências e à rigidez de uma tradição familiar assente numa inabalável fé cristã. Mais do que isso: em “Estações da Cruz”, essa tradição tem os dogmas e os rituais da Igreja Católica como critério fundamental para o dia-a-dia, para todos os acontecimentos, mais ou menos religiosos.
Maria (interpretada por Lea van Acken) tem 14 anos e é--nos apresentada em 14 cenas diferentes, tantas quanto as estações percorridas por Jesus. Tem a rotina habitual para a idade, mas na escola há quem não compreenda muito do que faz e do que diz.Em casa tem a vigilância constante da mãe, não tanto para assegurar algo parecido com “bem-estar” e afins, mas para que as regras sejam respeitadas. Os planos são fixos, quase sempre num take único. Somos espectadores de uma caminhada gloriosa, para o bem e para o mal.
O tempo passa e Maria está cada vez mais isolada. Procura a santidade e isso tem tanto de louvável como de duvidoso.
Dietrich Brüggemann assina o filme sem fazer julgamentos, sem dizer o que está certo e o que está errado. A linha é traçada por quem vê, por isso ficamos irremediavelmente presos às vontades e às decisões de Maria. Como se estivéssemos a observar à distância como funciona o tal livre-arbítrio que paira sobre tudo e todos. A história é imparável, não há nada que a possa travar. Um drama com os espinhos todos, no lugar certo.