Depois de ser impedido de examinar criança por mãe racista, pediatra ganha caso em tribunal

Depois de ser impedido de examinar criança por mãe racista, pediatra ganha caso em tribunal


“Preto de merda, seu macaco, pensa que está a observar um animal? Animal é você”, disse a mulher, hoje com 26 anos.


O pediatra Pedro Gomes da Costa, de 53 anos, foi alvo de comentários racistas enquanto trabalhava. Volvidos três anos, ganhou o caso em tribunal no passado mês de julho. Em causa está o facto de uma mulher, mãe de uma criança de 20 meses – com aftas e febre alta -, o ter insultado durante a observação da mesma. 

Segundo o jornal Público, a mulher, atualmente com 26 anos, foi condenada pelo Tribunal de Loures pelos crimes de injúria e difamação, na forma agravada, sendo igualmente obrigada a pagar uma multa de 1.300€ e uma indemnização de 1.500€. "A mãe pega-me no braço, puxa com uma violência e a partir daí começaram as ofensas", recordou o profissional de saúde em declarações ao órgão de informação anteriormente referido. "Preto de merda, seu macaco, pensa que está a observar um animal? Animal é você. Isso é que era bom, a minha filha ser observada por um preto. Exijo que seja observada por um médico branco", disse a mãe quando esteve com a criança no serviço de urgência do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.

Recorde-se que, no passado dia 14 de abril, foi noticiado que o julgamento começara naquela quarta-feira, mas sem a presença da arguida. Na primeira sessão, foram ouvidas cinco testemunhas arroladas pela acusação, sendo que a maior parte confirmou ter presenciado e ouvido os insultos dirigidos ao pediatra.

É de realçar que todas mencionaram que a arguida já estava exaltada antes de entrar no consultório. A médica que acabou por examinar a filha da arguida narrou, em tribunal, que a progenitora pediu para ser atendida por um médico branco.

Apesar de ter sido apoiado pelos colegas, pela administração hospitalar e pela família, o médico frisa que "esta senhora tem mãos livres” para ser racista “porque a sociedade é permissiva” e, deste modo, defende que a legislação devia ser mais dura em casos de racismo como aquele que viveu.