Enfarte. “Mais de 90% das ambulâncias não têm equipamentos”

Enfarte. “Mais de 90% das ambulâncias não têm equipamentos”


“Há milhares de mortes que poderiam ser evitadas”, assegurou a Associação Nacional de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar.


A Associação Nacional de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (ANTEPH) alertou, este domingo, que "mais de 90% das ambulâncias não têm equipamentos" para detetar precocemente um enfarte, algo que levaria a que muitas mortes fossem evitadas. 

"Mais de 90% das ambulâncias não têm equipamentos que permitam a realização de um exame [para] detetar precocemente uma situação de enfarte e o encaminhamento ao hospital adequado. A provar isso está o facto de que, das mais de 4.300 mortes anuais por enfarte agudo do miocárdio, o INEM apenas assume conseguir encaminhar menos de 700 casos. É pouco mais de 10% das situações de enfarte que conseguem ser encaminhadas a tempo de serem salvas", referiu em comunicado.

Segundo estes profissionais, "muitas mortes poderiam ser evitadas" se os técnicos tivessem equipamentos que permitissem detetar enfartes "nos primeiros 15 minutos, como ditam os referenciais internacionais", sendo que "há técnicos formados com protocolos de dor torácica, com cursos avançados de emergências cardíacas, mas que depois não têm equipamentos nem fármacos para poder atuar. Há milhares de mortes que poderiam ser evitadas", concluiu.

Recorde-se que, no âmbito do Dia Nacional do Doente Coronário, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) adiantou que, no ano passado, encaminhou para os hospitais, através da Via Verde Coronária, 696 casos de enfarte (mais 27 do que em 2019), 80% dos quais homens.

"Em 72,4% dos casos [de 2020], decorreram menos de duas horas entre o início dos sinais e sintomas e o contacto com o INEM, feito através do 112, enquanto em 22,4% dos casos o processo foi efetuado entre as duas e as 12 horas de evolução da sintomatologia. Já em 5% dos casos, decorreram mais de 12 horas de evolução dos sinais e sintomas até à ativação dos serviços de emergência médica e posterior encaminhamento hospitalar", esclareceu. 

É de salientar que, segundo o site oficial do Serviço Nacional de Saúde, a dor forte e intensa no peito é o sintoma mais frequente, mas o enfarte agudo do miocárdio pode fazer-se acompanhar de outros sinais como: dor abdominal, que se pode estender para os braços, costas e maxilar; náuseas e vómitos; suores; falta de ar e tonturas.