Vale do Lobo foi aprovado “sem qualquer objeção”, diz Vara

Vale do Lobo foi aprovado “sem qualquer objeção”, diz Vara


Antigo administrador está a ser ouvido na comissão de inquérito


Logo no início da comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Armando Vara avisou os deputados que não iria falar sobre o negócio de Vale do Lobo. No entanto, acabou revelar que o projeto teve luz verde “sem qualquer objeção” por parte dos restantes administradores.

"Os factos relativos à concessão de créditos a Vale do Lobo são objeto da investigação da Operação Marquês, que está sob segredo de justiça. Por isso, não devo, por ora, pronunciar-me mais sobre qualquer questão relacionada com o financiamento a Vale do Lobo. Todos os esclarecimentos sobre esse assunto serão prestados no âmbito da investigação. Não responderei a perguntas sobre o financiamento a Vale do Lobo", afirmou Armando Vara na sua declaração inicial.

No entanto, logo a seguir, teceu algumas considerações sobre o assunto: "Não posso deixar de manifestar estranheza com o facto de ser sistematicamente ignorado que, no conselho alargado de crédito de 2006, o presidente do conselho de administração da Caixa entendeu convocar uma reunião sobre Vale do Lobo, que contou com a presença de todos os administradores da Caixa, bem como com os promotores do projeto, Diogo Gaspar Ferreira e Rui Horta e Costa".

Armando Vara fez questão de frisar que a operação foi bem recebida por toda a administração: "Após a reunião, houve luz verde para a participação da Caixa no projeto, sem qualquer objeção".

Mais tarde, acabou por reconhecer aos deputados que a operação não correu bem: “Eu olho para estas contas e reconheço que correu mal. Lamento que tenha corrido mal (…) É com dor que olho para trás e vejo o que aconteceu com aquele projeto".

Recorde-se que Armando Vara foi administrador da CGD entre 2005 e 2007. Logo a seguir tornou-se vice-presidente do BCP. Está neste momento detido na prisão de Évora para cumprir uma pena de cinco anos de prisão por três crimes de tráfico de influências no âmbito do processo Face Oculta.

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