Sobe quase tudo este ano. Os bolsos ficam mais vazios com os aumentos de impostos anunciados em vários setores. Os condutores, em particular, têm muitas contas para fazer, principalmente se estiverem a pensar em comprar carro novo. Porquê? Comprar um veículo novo vai custar mais caro este ano por causa do agravamento do Imposto Sobre Veículos (ISV). De acordo com as simulações feitas pela Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), elaborada depois de conhecida a proposta de Orçamento do Estado, a subia média é de 1,4%.
A associação garante que de 25 modelos a gasóleo analisados todos vão sofrer um agravamento de 1,4% no imposto que incide sobre a primeira matriculação de um veículo em Portugal, aplicado aos novos carros e ainda aos importados. Já no caso dos carros a gasolina, este agravamento vai variar entre os 1,1% e os 7,6%.
Mas os agravamentos não ficam por aqui. Longe disso. Também o Imposto Único de Circulação (IUC), a que os portugueses se habituaram a chamar de «selo do carro», aumenta em média 1,4%.
Mas se pensa que as contas que tem que fazer ficam por aqui, desengane-se. Para andar o carro precisa de combustível e aqui as notícias voltam a ser más. Tal como aconteceu em anos anteriores, o preço vai subir. E, a par das subidas que serão levadas a cabo pelas gasolineiras, é preciso ter em conta que existe também um agravamento do imposto que incide sobre o gasóleo: 1,4%. E este aumento será sentido tanto no preço da gasolina como no preço do gasóleo, uma vez que também se manterá o adicional ao Imposto Sobre Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP), que é de 0,07 cêntimos por litro. «Importa, pois, proceder à atualização, ao nível da inflação, do valor das taxas de ISP a aplicar no ano de 2018 a estes produtos, em linha com o Orçamento do Estado», lê-se na portaria que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2018.
No fundo, tudo isto significa que será necessário mais dinheiro para que os condutores possam atestar o depósito. No total, a ideia do Governo é conseguir arrecadar mais 49 milhões de euros do que em 2017. O preço dos combustíveis é, aliás, uma das coisas que mais pesa na carteira dos portugueses. E os número há muito que falam por si. De acordo com o último relatório de Bruxelas, depois dos impostos, o preço médio da gasolina 95 octanas praticado em Portugal é o sétimo mais caro em toda a União Europeia. Já o gasóleo ocupa a 6ª posição entre os países do espaço comunitário. No relatório, não há margem para grandes dúvidas: a maior fatia do preço cobrado por cada litro de combustível vai para os cofres do Estado.
Pensa que a equação acabou? Longe disso. E as portagens? É que esta fatura também vai aumentar 1,4% à luz da taxa homóloga. Por exemplo, a viagem pela A1, que liga o Porto a Lisboa, vai pesar mais 25 cêntimos nos bolsos dos condutores. Também a A2, que faz a ligação de Lisboa ao Algarve, ficará mais cara no mesmo valor. Tendo por base as informações divulgadas pela Brisa, também na A3, entre Porto e Valença, haverá aumentos, mas, neste caso, de 20 cêntimos. Já a A5, Lisboa-Cascais, não sofrerá qualquer aumento.
Importa referir que a atualização dos valores deve sempre ser feita em múltiplos de cinco cêntimos, o que implica sempre um arredondamento das taxas de portagem para o múltiplo de cinco cêntimos mais próximo.
Manutenção pesa
Dentro da manutenção que é preciso ter em conta entram, por exemplo, as inspeções que ficaram mais caras desde o início deste mês: um agravamento de 1,23%. Este ano, as tarifas das inspeções técnicas variam entre 25,27 euros no caso dos carros ligeiros e os 37,82 euros para os pesados. Estes valores são ainda acrescidos de IVA.
Já as reinspeções passaram a ter um custo de 6,34 euros, enquanto as inspeções extraordinárias passam a ter um valor de 88,22 euros. O preço de atribuição ou reposição de matrícula passa para os 63,08 euros e a emissão de segunda via da ficha de inspeção é de 2,38 euros.
Recorde-se que desde 1 de janeiro de 2015 as tarifas são atualizadas anualmente de acordo com a taxa de inflação medida pelo índice de preços no consumidor total. Com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) como base, em novembro de 2017 a taxa de variação média anual fixou-se nos 1,23%.
Vendas em Portugal
De acordo com os dados mais recentes da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP), as vendas de automóveis no país cresceram pelo quinto ano consecutivo. No entanto, em comparação com os números registados antes da crise, em 2010, continuam a não animar o setor.
Os dados, divulgados já este ano, mostram que em relação aos veículos automóveis ligeiros em Portugal as vendas aumentaram 7,6% em 2017. Ainda assim, é de notar que este crescimento fica abaixo da trajetória de crescimento que se desenhou nos últimos cinco anos. As vendas cresceram, mas menos.
A análise feita pela ACAP mostra também que as vendas de automóveis caíram 30% em 2011 e afundaram 40,9% em 2012, devido à recessão que assolou Portugal depois do pedido de assistência internacional. Foi depois disto que houve alguma recuperação: em 2013, um aumento de 11,45%; em 2014, mais 36,1%; em 2015, volta a aumentar e, desta vez, 23,9%, e, em 2016, o aumento foi de 15,7%.
No que diz respeito a marcas, foi a Renault que reforçou a liderança, com as vendas a aumentarem para 37.785 unidades.