Já não é só “pouca-vergonha”, como disse Passos Coelho no fim de semana. Os sociais-democratas passaram a um patamar superior de críticas a Diogo Lacerda Machado, agora acusado de de ser “responsável pelo buraco enorme” da TAP.
A acusação veio de um vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Luís Leite Ramos. “O dr. Diogo Lacerda Machado está intimamente ligado ao problema financeiro da TAP. Como administrador da Geocapital, foi responsável pelo buraco enorme da empresa de manutenção no Brasil”, disse Leite Ramos.
“O dr. Lacerda Machado, enquanto administrador da Geocapital, é responsável pelo enorme rombo que deixou na TAP em meados da década passada. Nós lembramo-nos muito bem que, desse ponto de vista, o contributo do dr. Diogo Lacerda Machado para a saúde financeira da TAP foi realmente fatal e ainda hoje coloca problemas enormes”, acusou o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, que continua a utilizar para a nomeação de Lacerda Machado para a TAP a mesma expressão que Passos Coelho usou no domingo: “pouca-vergonha”.
“Alguém que representa o Estado na reversão de um negócio e que negoceia com os privados, e que agora se sente com legitimidade para continuar a representar o interesse público num negócio com os contornos que nós continuamos a conhecer, não sei se isso significa, para o dr. Diogo Lacerda Machado, um grande orgulho. Para nós, PSD, significa naturalmente uma pouca-vergonha.”
Antes da declaração do deputado do PSD, Diogo Lacerda Machado tinha reagido à polémica afirmando sentir “orgulho” por ter sido nomeado vogal do conselho de administração da TAP. “Não tenho vergonha. Tenho imenso orgulho naquilo que ajudei a fazer. Foi com sentido de serviço público”, disse ontem Diogo Lacerda Machado, em declarações ao “Expresso”.
Ontem, o PCP veio também dizer que a nomeação é criticável. “Os nomes indicados para a TAP, onde se inclui Miguel Frasquilho, quadro do PSD que esteve ligado ao BES e à política de privatizações de anteriores governos, e Lacerda Machado, ligado a discutíveis opções de gestão da TAP, entre outros, merecem crítica do PCP”, afirma o PCP em comunicado.
O Bloco de Esquerda também criticou a indicação de Diogo Lacerda Machado. Catarina Martins exigiu no domingo a Costa que acabe com os “velhos hábitos” na nomeação de administradores de empresas públicas. “É o momento de mudar a forma como PSD e PS têm agido quando olham por exemplo, para as empresas públicas, para as empresas participadas pelo Estado.”
No domingo, o ministro do Planeamento, Pedro Marques, defendeu Lacerda Machado, que “já deu provas de saber negociar vários dossiês complexos, mas sobretudo saber interpretar bem os interesses públicos”.