Funeral de Soares. Vera Jardim fora da lista

Funeral de Soares. Vera Jardim fora da lista


O protocolo de Estado esqueceu-se de convidar o sucessor de Soares à frente da Comissão da Liberdade Religiosa.


Entre o povo que se concentrou em frente ao cemitério dos Prazeres na tarde terça-feira, dia do funeral de Mário Soares, encontrava-se José Vera Jardim, histórico socialista, ex-ministro da Justiça, ex-deputado e atual presidente da Comissão para a Liberdade Religiosa. Vera Jardim, 77 anos, é o sucessor de Mário Soares na presidência da Comissão para a Liberdade Religiosa, o último cargo que o antigo Presidente da República ocupou. Tinha vindo de autocarro até às Amoreiras e subido ao cemitério dos Prazeres a pé.

Antes de decidir deslocar-se ao cemitério no meio do povo, Vera Jardim tinha previamente telefonado ao protocolo de Estado porque gostava de assistir à cerimónia de homenagem a Mário Soares nos Jerónimos. A resposta foi: não pode ser, já não há lugares. O protocolo tinha-se esquecido do homem que conhecia Soares desde os anos 60 e desempenha hoje o cargo que Soares ocupou, na dependência do Ministério da Justiça, de presidente da Comissão da Liberdade Religiosa.

«Estou aqui porque não consegui lugar no Mosteiro dos Jerónimos. Teria muito gosto em ir à cerimónia», disse Vera Jardim ao SOL/i, que o encontrou no meio da multidão que se concentrava do lado de fora do cemitério dos Prazeres.

Houve vários episódios e confusões de protocolo deste género na cerimónia. O facto dos serviços do primeiro-ministro  – que tinham concentrado os pormenores da organização – estarem na Índia não facilitou. À porta do Mosteiro dos Jerónimos, o secretário-geral do PCP chegou e não havia ninguém para o receber e o encaminhar para junto da família de Soares.