Centenas de chefes de Estado e muitos mais representantes oficiais um pouco de todo o mundo vão deslocar-se, nesta segunda-feira, até à Abadia de Westminster, na zona central de Londres, para assistirem ao funeral da Rainha e participarem numa última homenagem a Isabel II.
Segundo o programa oficial, o velório público da monarca termina às 6h30 e o funeral de estado começará às 11h, na Abadia. Às 10h44, precisa o Guardian, o caixão da Rainha será levado em cortejo entre o Palácio e a Abadia de Westminster, num percurso transmitido em direto pela televisão e que os membros da Família Real acompanharão a pé imediatamente atrás do caixão.
O funeral de Estado, o primeiro desde a morte do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, em 1965, terá a duração de uma hora, estando previsto terminar ao meio-dia, depois de realizados os devidos protocolos, que incluem leituras, um momento de oração e bênção.
Depois do culto, por volta de 11h55, será entoada a melodia do Last Post, uma curta fanfarra de corneta associada a funerais militares ou homenagens a soldados mortos em combate, seguida de dois minutos de silêncio em todo o Reino Unido.
Após o funeral, o caixão da Rainha viajará da Abadia de Westminster para o Arco de Wellington e, de lá, seguirá para o Castelo de Windsor, onde o carro fúnebre do Estado rumará em procissão à capela de São Jorge.
Aqui, decorrerá o Serviço Committal, a partir de 16h, com a presença do Rei Carlos III e todos os outros membros da Família Real, assim como integrantes passados e presentes da Casa da Rainha, governadores gerais e primeiros-ministros dos reinos.
Entre os atos solenes previstos, inclui-se a remoção da coroa imperial e do cetro do topo do caixão pelo joalheiro da Coroa, que depois irá passar estas joias (que, mais tarde, serão levadas para a Torre de Londres) ao reitor de Windsor, que as colocará no altar, e o abaixamento do caixão, sob a leitura de um salmo pelo reitor. O serviço será encerrado com o hino nacional.
Mais tarde, às 19h30, a Família Real assistirá ao enterro privado na Capela Memorial do Rei Jorge VI. A Rainha ficará ao lado do marido, o príncipe Filipe, duque de Edimburgo, que morreu em 2021, aos 99 anos, e cuja urna será transferida do Jazigo Real de Windsor para ficar junto a Isabel II. Neste espaço estão ainda o seu pai, Jorge VI, a mãe, Rainha Mãe, e a irmã, princesa Margarida.
Os convidados e os rejeitados Entre os convidados para a cerimónia vão estar cerca de 2 mil personalidades, incluindo centenas de líderes mundiais, membros da realeza e outros dignitários. Entre eles, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o chefe de Estado frança, Emmanuel Macron, ou o do Brasil, Jair Bolsonaro, mas também o Imperador japonês Naruhito e a Imperatriz Masako, o Rei de Espanha, Felipe VI, e a Rainha Letizia, assim como o Rei Emérito Juan Carlos I e a Rainha Sofia.
Biden informou, esta quarta-feira, o Rei Carlos III, através de uma chamada por telefone, o seu «desejo de prosseguir uma relação estreita” com o novo soberano. O Presidente dos Estados Unidos irá reunir-se também com a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, na próxima quarta-feira, à margem da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Mas nem todos tiveram a mesma sorte, os líderes e dirigentes da Rússia, Afeganistão, Myanmar, Síria, Venezuela ou Coreia do Norte não foram convidados, uma decisão justificada porque o Reino Unido não tem relações diplomáticas plenas com esses países, mas que não caiu bem no seio dos países “barrados”.
“Consideramos esta tentativa britânica de utilizar a tragédia nacional que tocou o coração de milhões de pessoas em todo o mundo (a morte da Rainha Isabel II), para fins geopolíticos, para acertar contas com o nosso país (…), profundamente imoral”, lamentou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, em comunicado. “É particularmente blasfemo em relação à memória de Isabel II”, acrescentou a porta-voz.
E também nem todos os convites foram bem recebidos, como foi o caso da comitiva chinesa, com um grupo de deputados britânicos sancionados pela China a escrever às autoridades do Reino Unido manifestando a preocupação pelo facto de o Governo chinês ter sido convidado para o funeral de Estado de Isabel II.
O deputado conservador Tim Loughton disse, na quinta-feira, à estação de televisão pública britânica BBC que o convite à China devia ser retirado, invocando as violações dos direitos humanos do país e o tratamento dado à minoria uigur na região de Xinjiang, no extremo ocidental do país. O Reino Unido “não pode, de forma alguma, ter representantes oficiais do Governo chinês a participar num acontecimento tão importante”, sustentou.
Apesar da contestação, a China confirmou, no sábado, que o vice-presidente Wang Qishan participará do funeral de estado como enviado especial do presidente Xi Jinping Wang será a mais alta autoridade chinesa a visitar o Reino Unido desde o início da pandemia da covid-19.
Mas a visita chinesa não deixou de acontecer sem controvérsias, com o presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, a recusar um pedido da comitiva chinesa para aceder ao Westminster Hall e assistir ao velório da Rainha, reportou o Politico.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa também já está em Londres, onde visitou o caixão de Isabel II em Westminster Hall e assinou o Livro de Condolências oficial em Lancaster House. O Presidente Marcelo foi acompanhado pelo embaixador de Portugal em Londres, Nuno Brito, e pela chefe do Protocolo de Estado, embaixadora Clara Nunes dos Santos.
Em casa, na rua ou no cinema Segundo estimativas da imprensa britânica, é esperado que cerca de 4,1 mil milhões de pessoas assistam ao funeral da Rainha em todo o globo, um número sem precedentes, enquanto se prevê que pelo menos 750 mil pessoas possam entrar na fila para o enterro da monarca.
O Governo declarou esta segunda-feira feriado oficial para permitir que as pessoas prestem as suas homenagens à Rainha, o que significa que todos os bancos, a Bolsa de Valores de Londres, escritórios públicos e a maioria das empresas vão ter as suas portas fechadas, numa decisão que causa naturais prejuízos à economia do Reino Unido, a atravessar um momento difícil e a caminhar para uma recessão.
Mas nem todos os negócios vão encerrar portas, por exemplo, a cadeia de cinema Vue, ao contrário dos seus principais rivais, vai manter algumas das suas salas abertas para exibições em direto do funeral.
A transmissão começará às 10h e terá uma duração de três horas, permitindo visualizar o ritual na Abadia de Westminster e partes do cortejo fúnebre da Rainha.
Os espetadores não terão de pagar pelos bilhetes e receberão uma garrafa de água grátis, mas não poderão comprar pipoca ou outro tipo de snack ou bebidas.
Muitos dos pubs do país vão continuar a servir bebidas, enquanto transmitem o funeral.
Um porta-voz da Greene King, a maior rede do Reino Unido de cervejarias, que administra mais de 2700 pubs na Inglaterra, País de Gales e Escócia, disse à CNN que os seus pubs continuarão abertos na segunda-feira “para que as comunidades possam reunir-se para lamentar e refletir juntas sobre a vida da Rainha”. Os cidadãos já foram alertados que esta segunda-feira será um dos dias mais movimentados da história da rede de transportes da capital, com avisos de que esta poderá ficar sobrecarregada se muitas pessoas viajarem para casa logo após o cortejo fúnebre deixar Westminster (após o meio-dia).
Um dos maiores testes de segurança A Polícia está a tomar todas as precauções para não serem registados incidentes, mesmo que isso implique tomar medidas que por vezes possam parecer demasiado severas, como terem detido uma pessoa no salão de Westminster que aproximou demasiado do caixão da Rainha Isabel II, nesta sexta-feira. Segundo as autoridades parlamentares, o homem saiu da fila em que milhares de pessoas esperavam para ver a urna da Rainha Isabel II e tentou aproximar-se da urna na sua plataforma, acabando por ser detido por suspeita de ofensa à ordem pública.
As autoridades anteciparam que cerca de um milhão de pessoas deverão ocupar a área central de Londres e as forças policiais da capital inglesa afirmam que este será “a maior operação de segurança já realizada”, uma vez que, para além dos milhões de curiosos, também Presidentes, primeiros-ministros, membros da realeza e muitos outros altos dignitários de todo o mundo marcarão presença para prestar as suas homenagens.
Em entrevista à Sky News, o presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, disse que este será um evento sem igual. “Se pensarem na maratona de Londres, no Carnaval, nos casamentos reais anteriores, nas Olimpíadas – isto é tudo isso em apenas um acontecimento”.
As três forças policiais que operam na capital britânica – a Metropolitan Police, a City of London Police e a British Transport Police – iniciaram os seus planos em Londres assim que a morte de Isabel II foi anunciada, a 8 de setembro.
Foram ainda mobilizados soldados dos vários ramos das Forças Armadas, nomeadamente Exército, Força Aérea e Marinha, e centenas de trabalhadores para prestar assistência nas ruas.
Segundo o vice-comissário adjunto Stuart Cundy, o funeral será o “maior evento de policiamento individual” que a Polícia Metropolitana de Londres alguma vez realizou, assim como “a maior operação de proteção global que a Polícia Metropolitana já realizou”.