Hotéis. Centro penaliza taxa de ocupação no verão

Hotéis. Centro penaliza taxa de ocupação no verão


Unidades hoteleiras apresentam uma taxa de ocupação entre 40% e 59% para os meses de junho a setembro. Portugueses são os principais alvos, seguidos por Espanha e França, enquanto o Reino Unido não figura no top3. 


Os hotéis apresentam uma taxa de ocupação entre 40% e 59% para os meses de junho a setembro, penalizada, sobretudo, pela região Centro. Os dados foram revelados pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), depois de ter feito um inquérito aos associados.

De acordo com a vice-presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, esta região era a que tinha perspetivas menos otimistas”, referindo que as reservas de junho ainda estavam muito baixas”. Aliás, esta média mantém-se também para os meses seguintes, nomeadamente, até setembro, embora se verifiquem algumas diferenças nas regiões em destaque.

Em entrevista ao i, Bernardo Trindade lembrou que estes últimos dois anos representaram uma “crise sem precedentes”, que ninguém “alguma vez sequer imaginou que iria passar: clientes em casa, colaboradores em casa, além de não haver atividade”, considerando que “foi um ambiente profundamente depressivo porque os hotéis existem para receber clientes e não para viverem a situação que viveram, em que estavam manifestamente sem movimento”. “Viemos desse tempo e agora estamos a viver uma fase diferente, de franca recuperação, mais rápida do que qualquer um de nós imaginou”, disse o presidente da AHP. 

De acordo com o inquérito, os portugueses representam o principal mercado (80%) neste verão, destacando-se também Espanha e França, enquanto o Reino Unido não figura no Top3 e os EUA são referidos por 21% da amostra. “Para os nossos inquiridos, atingiremos os resultados de 2019, com exceção da região Centro, que considera que ainda não estamos lá, estimando que em 2022 a taxa de ocupação seja pior do que a de 2019, mas igual a 2021”, afirmou Cristina Siza Vieira.

Em relação às receitas, a responsável admite que não são esperadas “grandes surpresas”, embora as regiões autónomas da Madeira e dos Açores devam ultrapassar os dados de 2019, antes da pandemia. Já o preço médio, é classificado pela AHP “como interessante”, mas a média nacional está em linha com 2019.
 
Condicionalismos A condicionar a retoma do turismo estão fatores como a inflação, escassez de mão-de-obra e de matérias-primas, a guerra na Ucrânia, o custo dos combustíveis e ainda a situação pandémica, embora em menor peso.

Mais de 460 estabelecimentos hoteleiros responderam ao inquérito da associação, sendo que o Centro apresenta “uma amostra muito significativa”, o que para Cristina Siza Vieira confirma que o pessimismo associado à região è sustentado.

Ainda assim, Bernardo Trindade, referiu que a perspetiva para este verão, “combinando a taxa de ocupação e o preço, é positiva”, referindo que o país está localizado num território reconhecido como “seguro e possível de ser visitado”.

Na mesma entrevista, o responsável tinha acenado que “à escala mundial, Portugal é um dos países mais seguros do mundo e isso é validado pelas instituições internacionais em largo espetro. E o facto de termos sido muito assertivos no plano de vacinação confere-nos uma segurança no destino a visitar muito grande”.

Agora voltou a referir que, “como é evidente, pós-pandemia, os nossos associados estão a integrar aspetos na sua estrutura de despesas que não contavam. Ainda não temos capacidade de estimar o resultado total”, ressalvou, notando que este dependerá do que acontecer este verão, sendo também influenciado pela falta de mão-de-obra.

Na mesma entrevista, o responsável garantiu que há falta de recursos humanos e que, entre dezembro de 2019 e dezembro de 2021, o setor perdeu cerca de 45 mil pessoas, perto de 10% da sua força de trabalho. E para contornar este problema garantiu: “Estamos em todas as regiões do país, independentemente da dimensão das unidades hoteleiras, a pagar melhor e estamos também a tentar fazer uma melhor gestão dos horários para permitir outra qualidade de vida aos trabalhadores”.

Monitorização através do Banco de Fomento O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal defendeu também, que é necessário monitorizar a qualidade dos balanços das empresas turísticas, através do Banco de Fomento “para fazer a economia singrar”. De acordo com o responsável,” existem instrumentos de política pública, como o Banco de Fomento, para olhar para a capitalização das empresas”, acrescentando que “só com empresas mais sólidas é possível cumprir o objetivo de através do turismo, fazer a economia singrar”.

Já em relação aos apoios públicos adotados durante a crise pandémica, Bernardo Trindade disse ainda que, no período em causa, os hotéis estiveram “amputados de receitas” e que, sem estes apoios, teria sido “uma tragédia sem precedentes”. Ainda assim, admitiu que as contas das empresas “ficaram piores”, diminuindo a sua capacidade de investimento na recuperação dos hotéis, sendo agora necessário proceder à monitorização da sua capitalização.

Já na entrevista ao i revelou que não sabe o que são turistas a mais, mas referiu que sabe o que “são turistas a menos”, referindo que “turistas a menos foi aquilo que vivemos nos últimos dois anos: com hotéis fechados, com aviões no chão, com trabalhadores em casa, com clientes em casa e se não fosse o conjunto de ajudas públicas, designadamente o layoff simplificado, o apoio à retoma, então teria sido uma tragédia a sério”. 

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