No domingo, quando estávamos a preparar a edição de segunda-feira, combinámos que quem estivesse a trabalhar deveria passar por postos de abastecimento de gasolina e tirar fotos aos preçário dos combustíveis. Não tendo ido para as autoestradas, onde o ouro negro atinge valores ainda mais altos, constatámos que havia preços para todos os gostos e feitios, embora várias gasolineiras estivessem a praticar os 2,159 euros pelo litro de gasolina 95.
Daí que tenhamos escrito que a gasolina estaria, nalguns postos, a 2,30 a partir de ontem – já não falando das autoestradas, como disse. Qual não foi o meu espanto quando vejo noticiários televisivos a falar em valores inferiores ao que realmente se passa. E por que razão isso acontece? É muito simples…
Os jornalistas seguem-se por um site que dá a média das gasolineiras e não se preocupam em ir à estrada confirmar esses valores. Nas últimas semanas tenho ido a Vila Franca de Xira, que dista cerca de 25 quilómetros da capital, onde o combustível é ligeiramente mais barato, à semelhança das bombas dos hipermercados. Esses valores, como é óbvio, não correspondem aos preços praticados na maioria dos postos de combustível da capital.
E aqui entra a história do histerismo criado pela afirmação de Elon Musk de que o teletrabalho é menos produtivo do que o trabalho presencial. Embora perceba que em muitos casos não se perca nada por os trabalhadores estarem em casa, noutros, todos sabemos, é bem diferente – já para não falar nos casos extremos das fábricas, restaurantes, etc.
O jornalismo atravessa uma crise porque os ‘consumidores’ querem aceder à informação gratuitamente e os próprios jornalistas e comentadores começam a funcionar numa lógica umbiguista, em que só é notícia o que escrevem.
Não há a cultura de ‘beberem’ de outras fontes, nomeadamente a da vida real, e tudo gira à volta dos likes das redes sociais. É triste, mas é assim. Claro que acredito que no futuro as coisas irão melhorar até porque o povo vai cansar-se de ver números que não correspondem à realidade.