Enquanto alguns países da Europa Central e do Norte estavam a viver um autêntico pesadelo com as inundações, países como a Finlândia e a Rússia estão a tentar sobreviver a temperaturas máximas que estão a estabelecer recordes e a provocar grandes incêndios.
Famosa pelas suas temperaturas baixas, a “Terra do Pai Natal”, Lapónia, na Finlândia, registou temperaturas entre os 25.ºC e os 30.ºC e meteorologistas acreditam que podem ainda continuar a subir e a esmagar os anteriores recordes.
Esta cidade, onde a principal atração turística são os seus temas natalícios, registou durante o início do mês temperaturas que chegavam 34.ºC. Uma equipa de turismo local, vestida como Pai Natal e duendes, publicaram no Instagram uma foto onde estes personagens surgiam ao lado do termómetro que indicava este calor abrasador, partilhou a BBC.
O calor intenso levou o Instituto de Meteorologia da Finlândia a emitir diversos alertas para prevenir a população. “Pessoas com doenças crónicas devem apresentar sintomas mais acentuados e difíceis. O stress causado pelo calor limitará a capacidade de trabalho de pessoas saudáveis”, afirmou o Instituto, acrescentando ainda para os perigos dos incêndios florestais.
Um perigo que é bem real na Rússia, onde incêndios florestais já atingiram mais de um milhão de hectares e ainda existe mais de 300 focos ativos, a maioria em Yakutia, no Extremo Oriente, segundo as autoridades.
Entre sábado e domingo, o número de focos aumentou em 10 e a área afetada em mais de 100 mil hectares, o que obrigou cerca de seis mil bombeiros, mil veículos e 41 aeronaves a combater os fogos enquanto 75 aeronaves monitorizaram os incêndios florestais. Estes fenómenos de calor intenso tem sido uma constante ao longo do ano.
Os Estados Unidos, que no ano passado sofreu uma época de incêndios devastadora, com mais de 800 mil hectares destruídos, um recorde desde 1987, estão novamente a sofrer com este fenómeno. Apesar da época de incêndios ter acabado de começar, estes já destruíram centenas de milhar de hectares no Oeste do país e do Canadá, alimentados por uma seca alarmante.
Estes fenómenos de calor intenso ocorrem ao mesmo tempo que as cheias mortais que provocaram a morte de centenas de pessoas na Alemanha e Bélgica e o Presidente da Associação Zero, Francisco Ferreira, explicou ao i que existe uma ligação direta.
“Há uma relação entre os fenómenos com as elevadas temperaturas em zonas próximas conduzirem à formação de massas de ar muito húmidas com as consequências que depois constatamos na Alemanha, Bélgica e Holanda. Realmente o clima está a mudar e infelizmente estamos a bater recordes de temperatura também em zonas do Canadá e no Ártico nos últimos anos”.
O Canadá registou uma onda de calor que esteve na origem da morte súbita de cerca de 500 pessoas e mais de mil milhões de seres vivos marinhos, sobretudo mexilhões, ameijoas, estrelas do mar e ostras, dezenas de incêndios florestais e inundações no oeste do país.
“Temos provas de que o aquecimento global é real. Infelizmente, já o vivemos, não é o futuro. Está aqui. Por isso espero que as pessoas se preparem, pois é provável que o vejamos com mais frequência”, explicou Natalie Hasell, meteorologista do Ministério do Ambiente e Alterações Climáticas do Canadá, em declarações à estação de televisão local CTV.