Frase dita pelo Conde de Avranches no final de uma batalha da guerra civil que opôs D. Afonso V ao seu próprio tio e que hoje brilha no léxico português e descreve com rigor a situação no nosso país.
Foi anunciada com trombetas e toque a reunir a chegada dos primeiros 3.000 milhões de empréstimos europeus, disfarçados de dádivas generosas quando terão de ser reembolsados até ao tostão com o dinheiro de todos, dando-se assim início a uma corrida desenfreada para os gastar com rapidez.
Portugal prepara-se para repetir os erros do passado quando os avultados fundos que chegaram do Fundo Social Europeu foram desbaratados no meio de rumores de grande corrupção.
Em vez de pressentir o perigo a nova Estratégia contra a Corrupção aponta como aspeto principal formar os jovens em idade escolar!
Perante o risco iminente de desastre o Governo toma a decisão de formar as gerações futuras para que evitem a corrupção em vez de impedir as gerações atuais de a praticar.
Eis uma atitude previdente e que poderia ser estendida a outras áreas do crime. Em vez de polícias, magistratura e prisões que tal reforçar um pouco as verbas para a educação cívica evitando que os jovens de hoje se transformem nos ladrões de amanhã.
A corrupção é em Portugal um problema sério. Portugal já perdeu várias oportunidades de desenvolvimento por não lhe dar o combate devido. A verdadeira extensão do fenómeno é desconhecida, não há dados e os poucos de existem são contraditórios entre si, o que prova a sua pouca fiabilidade. As Leis são ambíguas e incoerentes. Acresce que o combate não é coordenado, é ineficiente e, consequentemente, não há praticamente condenações nesta área e muito menos recuperação das quantias desviadas.
A desbaratar a torrente de fundos que agora começam a chegar Portugal vai, com elevada probabilidade, encontrar-se no final da década que ora se inicia no grupo dos três países mais pobres da Europa e com um aparelho de Estado enfraquecido e uma população minguada. Como muitos destes fundos são empréstimos teremos de novo o FMI ou a Troika a impor condições de vida miseráveis ao nosso país.
Infelizmente são poucas as vozes da sociedade civil que chegam aos órgãos de comunicação social, embora sejam abundantes as criticas que a generalidade dos portugueses tece aos seus governantes, de todos os quadrantes, CDS, PSD e PS, sobre esta matéria.
É necessário ouvir as organizações que lutam contra a corrupção como a alemã Transparência Internacional ou o português OBEGEF e todos os que se querem opor a este fenómeno criminoso.
É preciso recolher informação, identificar riscos e vulnerabilidades, alterar leis, redesenhar as estruturas de combate, alocar verbas significativas, contratar pessoal desenhando uma verdadeira Estratégia Nacional de Combate à Corrupção que a todos convoque e não definir ridiculamente como prioridade máxima a formação ética nos jardins infantis e nas escolas primárias.