Em plena pandemia da covid-19, os líderes nacionais dos vários partidos deslocaram-se aos Açores para fazer campanha. A maioria compareceu no último fim de semana, a meio da campanha, ou está presente nos últimos dias de iniciativas de cada força política. A maioria foi à Região Autónoma, mas António Costa, primeiro-ministro e secretário-geral do PS, não. O chefe de governo estará, contudo, online numa ação de campanha “à americana” na sessão de encerramento, na próxima quinta-feira. A dúvida é se entrará em direto para falar com os socialistas açorianos ou se irá gravar uma mensagem em vídeo.
“António Costa estará presente por via online para a sessão encerramento. Entrará na sessão de encerramento. em principio em direto”, explicou ao i, Francisco César, o diretor de campanha de Vasco Cordeiro, presidente do governo regional dos Açores e líder do PS/Açores. Cordeiro, recorde-se tenta uma nova maioria absoluta, numa luta que se antevê difícil.
A campanha tem sido feita com base nos contactos de porta a porta pela maioria dos candidatos e Vasco Cordeiro seguiu o figurino. A culpa é da pandemia. No domingo passado foi questionado sobre a ausência do primeiro-ministro na caravana socialista, mas o candidato teve resposta pronta para afastar especulações sobre algum distanciamento: “Oxalá que todos os partidos que se candidatam a estas eleições regionais tivessem um líder nacional que fizesse tanto pelos Açores como fez António Costa”, afirmou Vasco Cordeiro, citado pela RTP3.
O recandidato tem feito campanha mesmo com alguma chuva. Já o seu mais direto adversário José Manuel Bolieiro, líder do PSD/Açores, tenta reduzir a distância com o PS/Açores. O objetivo é, pelo menos, retirar a maioria absoluta aos socialistas há 24 anos no poder.
Na campanha, Bolieiro contou com o presidente do PSD, Rui Rio, para uma visita de dois dias às ilhas de menor densidade populacional e com mais dificuldades de acessos ou mobilidade. Este fim de semana, Bolieiro contou também com o apoio do eurodeputado Paulo Rangel, um dos vice-presidentes também do PPE (a família política europeia do PSD). Fonte do PSD /Açores explicou a sua presença ao i. O PSD Açores não conseguiu ter um eurodeputado e Rangel foi ao arquipélago lançar a “missão Açores”, para que o PSD/Açores tenha voz na Europa, designadamente na questão do combate às doenças oncológicas, agricultura, e na aposta de um cluster tecnológico através da Universidade dos Açores (com ligação a empresas).
Agora, José Manuel Bolieiro espera encerrar a campanha na ilha do Corvo, a mais pequena ilha do arquipélago, “de uma forma simbólica”, conforme adianta a mesma fonte ao i. Isto se o tempo permitir. O PSD/Açores tem prevista ainda uma ação de encerramento na ilha de São Miguel (a maior) na quinta-feira, numa campanha marcada pela falta de comícios, devido à covid-19 e com ações de contactos de rua, porta a porta. Neste quadro não é de estranhar que o “gel desinfetante seja o principal brinde” de campanha dos sociais-democratas açorianos.
Os Açores vão a votos já no dia 25 de outubro e o ato eleitoral das regionais será um teste não só a maioria do PS/Açores, como à abstenção em tempos de pandemia.
Ontem, o líder do Chega e candidato presidencial André Ventura reuniu-se com os lesados do Banif nos Açores, onde tem estado em campanha com Carlos Furtado, o candidato que espera eleger mais do que um deputado regional. Neste cenário, se as expectativas se confirmarem, o CDS pode vir a perder um dos seus quatro , alcançados em 2016.
Este fim de semana, o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos (o líder partidário nacional que mais vezes foi aos Açores nesta campanha) recusou que o resultado possa ter uma leitura nacional: “O CDS respeita o princípio da subsidiariedade e, no caso das regiões autónomas, temos estruturas partidárias também autónomas, que gerem o programa do partido, a ambição, e se propõem a atingir os melhores resultados possíveis para o CDS”, declarou à Lusa. Mais, o presidente democrata-cristão lembrou que Artur Lima, líder do CDS/Açores e candidato, é vice-presidente do CDS nacional. “Estamos todos comprometidos em que o partido possa crescer e ter o melhor resultado possível”.
Também o PAN aposta forte nas regionais dos Açores. André Silva, o porta-voz do partido, falou, a partir de Ponta Delgada, para se mostrar confiante na eleição de dois deputados.
O BE/Açores e o PCP também esperam ver reforçados os seus resultados. Tanto Catarina Martins, coordenadora do BE, como o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, fizeram campanha no arquipélago. As contas fazem-se já no próximo domingo.