A proposta para um referendo interno sobre as eleições presidenciais não merece comentários aos socialistas. A maioria dos dirigentes do partido, ouvidos pelo i, está à espera que as eleições presidenciais sejam discutidas, na reunião da Comissão Nacional do dia 24, para assumir uma posição.
Daniel Adrião, que pertence à Comissão Política, defendeu, em declarações ao Público, que se não avançar mais nenhum candidato da área socialista deve ser referendado o apoio a Ana Gomes. O socialista explica ao i que o PS não pode continuar a desvalorizar as eleições presidenciais. Para Daniel Adrião, o Presidente da Republica “terá, no próximo mandato, uma capacidade de influência e intervenção reforçadas e será o grande pivot do sistema político”, porque existe um Governo minoritário numa “conjuntura de grande incerteza” devido à pandemia.
“Desvalorizar a próxima eleição presidencial e sobretudo abdicar de ir a jogo, beneficiando com isso os adversários, é uma estratégia errada e que sairá muito cara ao PS”, afirma.
O PS só assumirá uma posição depois da reunião da Comissão Nacional, prevista para dia 24 de outubro. O apoio a Ana Gomes é uma hipótese pouco provável, apesar de ser a única candidata socialista na corrida presidencial.
O i tentou ouvir vários socialistas sobre esta eleição, mas são poucos os que se querem pronunciar. Vítor Ramalho, ex-governante e ex-deputado do PS, diz apenas que é “um militante disciplinado” e aguarda que o partido formalize uma posição para se pronunciar.
Ramalho considera que “a situação mundial e as dificuldades que o país pode vir a enfrentar no próximo mandato são muito grandes”. Por isso, acrescenta este socialista, “é preciso que o Presidente da República seja uma personalidade consensual e não fracionista”. Vítor Ramalho prefere não comentar a candidatura d a ex-eurodeputada do PS Ana Gomes.
O fundador do PS António Campos também disse ao SOL que ainda não tem uma posição sobre as presidenciais. Campos assumiu que não votará em Ana Gomes por ter um perfil “muito populista”. O histórico do PS considera, porém, que “foi bom Ana Gomes ter aparecido”, porque “retira votos” a André Ventura.
ventura ataca ana gomes André Ventura radicalizou o discurso e tem feito vários ataques à candidatura da socialista Ana Gomes. O candidato e líder do Chega anunciou uma manifestação contra “a pedofilia e a podridão do sistema político” por considerar “inaceitável a nomeação de Paulo Pedroso e uma repugnante tentativa de branqueamento político que denota bem a podridão do sistema e dos interesses instalados em Portugal”.
Paulo Pedroso, que vai integrar a equipa da ex-eurodeputada socialista, garantiu ao Expresso que não vai responder aos ataques. “Por mim, André Ventura pode continuar a falar sozinho. Já o disse e reafirmo: Ventura é um abutre político. Publicidade é o que quer, não contem comigo para isso”.
O líder do Chega está a divulgar a manifestação, prevista para domingo em Lisboa, com um cartaz em que aparecem as caras de Paulo Pedroso, José Sócrates, Armando Vara e Duarte Lima. O candidato anunciou que vai convidar “todos os candidatos presidenciais e os líderes dos partidos com assento parlamentar a juntarem-se” à manifestação contra a pedofilia.