Debate Quinzenal. Rio acusa incompatibilidade a Nuno Artur Silva

Debate Quinzenal. Rio acusa incompatibilidade a Nuno Artur Silva


O presidente do PSD levou a debate, esta quarta-feira, o caso da venda das Produções Fictícias, empresa que pertenceu ao secretário de Estado do Cinema, Nuno Artur Silva, denunciado pelo jornal SOL.


Foi já no final da sua intervenção, no debate quinzenal desta quarta-feira, que o presidente do PSD levantou a questão. Rui Rio quis saber o que pensa o primeiro-ministro sobre a operação de venda da participação do secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, antes da sua posse, na empresa Produções Fictícias, lembrando que o lucro da referida empresa "está indexado aos negócios que a empresa vai ter com a RTP", na sequência de uma notícia do SOL, públicada há duas semanas.

"Há aqui uma manifesta incompatibilidade: ele enquanto elemento que tutela a RTP faz os negócios com a empresa de onde vai obter dividendos se os negócios correrem bem", atirou Rui Rio. Mais, o líder do PSD quis saber também o que pensava o primeiro-ministro sobre a operação de venda de um terreno da RTP (em Vila Nova de Gaia) no valor de cerca de 1,75 milhões euros "à data em que o secretário de Estado era administrador da RTP". Que entretanto foi colocado à venda por 12,3 milhões de euros (cerca de sete vezes mais) do que valor arrecadado pela estação pública.

"O senhor primeiro-ministro está capaz de elucidar a Assembleia da República ou ainda não cuidou de ver esta situação? O meu conselho sincero é que veja com muito cuidado, porque são dois dossiês que se cruzam com um secretário de Estado do seu Governo", afirmou Rui Rio, aguardando um esclarecimento de António Costa. 

O primeiro-ministro não fugiu ao tema e assegurou que Nuno Artur Silva não interfere nos contratos da RTP e a estação pública tem autonomia. Quanto "a contratos celebrados pela RTP, estou certo de que o conselho de administração terá o maior gosto em vir à Assembleia da República prestar contas pelo exercício da atividade", declarou Costa, remetendo para Gonçalo Reis ( que já tem um pedido de audição do Bloco de Esquerda feito).

Ora, Rui Rio não ficou satisfeito com a resposta, assumiu que António Costa "não vai fazer nada" e deixou-lhe um conselho em registo sarcástico: "Posso dizer que o Governo precisa de um secretário de Estado do cinema, porque o senhor primeiro-ministro não está a ver bem o filme". Na réplica, António Costa registou o tom "menos agradável" de Rui Rio, e reconheceu, num tom descontraído: "Não foi muito elegante dizer que tenho de ir ao oftalmologista, coisa que já sei e tenho de ver se arranjo oportunidade".

Antes do debate quinzenal, o i tentou obter uma posição do PSD sobre o caso de Nuno Artur Silva, mas oficialmente não houve comentários a fazer por parte dos sociais-democratas. Rui Rio escolheu o debate quinzenal para o fazer.