Este novo ano que agora se inicia promete algumas novidades, mas também a continuação de tendências que se têm vindo a acentuar nos últimos anos. Falo por exemplo no interesse cada vez mais real das pessoas pela Cultura de um modo geral. E digo real porque, no plano teórico, toda a gente é a favor dela. Se fizerem um inquérito pelas ruas das nossas cidades, facilmente poderão constatar que toda a gente vai ao teatro, os gostos e preferências de muitos são a leitura e a música e alguns opinam sobre pintura também. Mas até há bem pouco tempo isto era apenas uma invenção para parecer bem. Ficava bem dizer que se era pró Cultura para dar um ar intelectual à coisa. Mas quando se ia ao âmago da questão, percebíamos que só liam um livro por ano (e já era uma sorte) e que o mais perto que tinham estado de uma sala de teatro ou de uma galeria de arte foi quando os mesmos eram paredes meias com o estacionamento do Pingo Doce.
No entanto, é bom constatar que as pessoas dão cada vez mais importância ao enriquecimento cultural e que, de facto, vão e apreciam os diversos fenómenos. O facto de existir hoje uma noção cada mais precisa de que também esta área deve ser rentabilizada através das Economias Criativas ajudou de certa forma a captar mais as atenções e a colocá-la no epicentro de muitas discussões económicas, sendo hoje em dia vista como um bem fundamental e que não carece necessariamente de subsídios para se desenvolver e proliferar. É vista, também por isso, como fator decisivo para a evolução das sociedades e para o seu crescimento e construção.
Se é assim tão importante para o equilíbrio e sustentabilidade de um povo, quer seja pela assunção da sua história ou pelo desenvolvimento da sua capacidade de entendimento do Mundo e das pessoas, é fundamental termos instituições e associações, públicos e privados com oferta exigente e diversificada, que façam chegar os diferentes fenómenos culturais a todos e que agarrem nos mais específicos e os promovam, porque eles são património inestimável que deve ser preservado pelas gerações futuras. Mas é bom ver palcos tão importantes como o CCB ou a Fundação Gulbenkian, que tanto têm feito pelo imaginário do nosso País e que nos têm proporcionado programações tão interessantes, com os bilhetes tantas vezes esgotados e salas completamente cheias.
É por isso que acho existir uma aproximação cada vez maior entre o que é a Cultura e as pessoas. Vejo um interesse crescente nos mais jovens, também devido ao facto de hoje a oferta ser mais acessível a todos. Mas sem falar na música, que sempre foi fator de interesse ver cada vez maior proximidade, com a dança, a pintura, a alimentação, os comportamentos e tradições devem ser vistos como um passo à frente na nossa civilização e uma criação de valor nos nossos hábitos. Tornamo-nos mais interessantes e mais conscientes do que nos rodeia quanto mais absorvermos os diversos fenómenos culturais que se reproduzem na nossa sociedade. Que seja cada vez mais incentivado e valorizado. Oxalá…