À mulher de César não basta ser séria…!


Um ministro da Educação e um secretário de Estado do Desporto que aceitam o futebol profissional na sua tutela, é porque não percebem nada da área. 


Temos para nós que a Educação é a coisa mais importante e séria em qualquer Estado, e ainda mais numa democracia, porque promove a igualdade.

Como é possível um político que trabalha no ministério da Educação não perceber que a Educação tem qualquer coisa de sagrado, é um trabalho tão sério e tão importante para o futuro de qualquer país, que precisa de dirigentes cultos, tecnicamente acima da média e com integridade de caráter “à prova de bala”?

Seria importante colocarem nos gabinetes, como consultores, pessoas com competência académica comprovada, e com integridade de caráter.

Não se compreende, que qualquer membro do Governo ponha de lado os princípios, só por uma questão de vantagem pessoal.

Entramos aqui no campo da ética, da moral e da deontologia profissional. É a velha questão da moral de convicção e da moral de responsabilidade que levou Lutero a dizer: ’’Eis as minhas condições e daqui não posso passar”, enquanto Maquiavel afirmava que “o Príncipe perdia a Alma, mas salvava a Cidade”.

Um ministro da Educação e um secretário de Estado do Desporto que aceitam o Futebol Profissional na sua tutela é porque não percebem nada da área e da temática, ou então conseguem sentir-se confortáveis, apesar de saberem que é das atividades mais corruptas da sociedade portuguesa.

É que, por vezes, há membros do Governo que assumem situações de incompatibilidade gritante, e são obrigados a demitirem-se, à pressa, antes que sejam arguidos. Será que o primeiro-ministro foi mal aconselhado na escolha, ou estava mal informado?

O Ministério da Educação não pode continuar a ter a indústria do futebol na sua tutela, esta terá que passar para a Direção Geral dos Espetáculos, exatamente como a tauromaquia ou o circo.

Certa Imprensa de 10 de Outubro de 2019 noticiava que o D.C.I.A.P. tinha constituído uma equipa especial de Procuradores para coordenar 12 inquéritos que investigam pagamentos e subornos a jogadores e árbitros, jogos combinados para um determinado resultado e vários negócios das S.A.D.

Como é possível a equipa ministerial da Educação fingir que não sabe de nada, e nada disto a incomodar?

E será que todo o Governo concorda?

“Senhor primeiro-ministro, escusa de me convidar para participar numa farsa” – esta é uma frase que o primeiro-ministro nunca ouviu quando convidou alguém para este sector, mas se tivesse ouvido já teria alterado a situação.

Depois de tudo isto vir a público ainda têm a lata de dizer que o controlo antidoping é para evitar a batota de alguns em relação a outros, enquanto se continua a vender droga á porta das escolas e faculdades.

E onde está o tal Conselho da Educação Nacional, que sobre esta matéria nada diz?

Pobre Educação, que não tem quem a defenda e quem lute por ela, que critique com saber e lealdade e sem esperar em troca outra coisa que ver uma juventude sem droga, com informação, com integridade de carácter e com espírito crítico, de tal maneira que seja ela a obrigar o Governo a colocar o futebol profissional na Inspeção dos Espectáculos, e aí talvez tenhamos Governo não para quatro anos mas talvez para oito.

Sociólogo

Escreve quinzenalmente