Restos mortais de Franco saem do Vale dos Caídos

Restos mortais de Franco saem do Vale dos Caídos


Caixão já está a ser trasladado para o cemitério Mingorrubio-El Pardo.


 Ao fim de 44 anos, os restos mortais de Franco vão sair do Vale dos Caídos, a cerca de 50 km de Madrid, onde estão enterradas 30 mil vítimas da Guerra Civil espanhola (1936-1939). O memorial, construído por presos políticos, sujeitos a trabalhos forçados durante a ditadura, deve ser, segundo a vice-presidente Carmen Calvo ‘um local de memória e honra para quem lá esteja e de justiça para todos. Para os dois lados’. Até agora, o local era visitado por apoiantes de Franco e visto como um santuário da extrema-direita. Muitos visitantes deixavam, inclusive, flores no túmulo do ditador.

A presença dos restos mortais de Francisco Franco no monumento são, para o Governo espanhol, uma afronta para a atual democracia espanhola. Assim, o Executivo de Pedro Sanchez quer transformar o local num local de ‘homenagem às vítimas da guerra’.

Os restos mortais do ditador, que morreu aos 82 anos, vão ser transportados de helicóptero até ao cemitério El Pardo, em Madrid, onde a mulher de Franco está enterrada. A família do ditador não está autorizada a cobrir o caixão com a bandeira nacional, mas terá levado, segundo a BBC, a mesma bandeira com que foi coberto o caixão de Franco no seu funeral, em 1975.

A exumação de Franco tem sido um tema discutido ao longo de várias décadas, dividindo, segundo uma sondagem feita pelo jornal espanhol El Mundo, os espanhóis. Em outubro, 43% das pessoas apoiavam a trasladação do ditador, enquanto 32.5% das pessoas que responderam ao inquérito estavam contra a saída dos restos mortais de Franco do Vale dos Caídos. O resto, 24.5% dos inquiridos, estavam indecisos quanto à mudança.

Francisco Franco y Martinez-Bordiu, neto de Franco, acusou, no entanto, o Governo espanhol de usar, ‘de forma cobarde, o desenterrar de um corpo, como propaganda política, de forma a ganhar uma mão cheia de votos antes das eleições’, que se realizam no próximo dia 10 de novembro.

A família, que sempre esteve contra a exumação, tentou ainda que o corpo do ditador fosse transportado para uma cripta na Catedral de Almudena, no centro de Madrid. Pedro Sanchez recusou, afirmando que Franco não deveria ser colocado em sítios onde pudesse ser ‘glorificado’.