Diz-nos a ciência popular que o caminho se faz caminhando.
No caso de alguns, e o Falcão será um deles, far-se-á não só caminhando como também pedalando, correndo para manter o físico e voando para chegar à bandeira de xadrez antes do maior número possível de outros voadores que com ele formam o bando da MotoGP.
E lembremo-nos que são vinte e dois, apenas vinte e dois, de um universo que incluirá por certo uns largos milhares de candidatos que em si cativam a paixão e devoção de muitos e muitos milhões.
Ora vem esta introdução toda a propósito de quê?
Debate-se e analisa-se em cada um dos Grandes Prémios corridos pelo Falcão a prestação que lhe é permitida pela sua mota, uma KTM, e pela sua equipa, a Tech3.
Vamos lá então por partes.
A mota austríaca dispensa apresentações, sendo provavelmente uma das mais poderosas, senão a mais poderosa marca europeia, com provas dadas e mais que dadas em inúmeras competições em que participa. Do crosse ao enduro e à resistência. São coisas diferentes, dir-me-ão.
Certo, mas diferentes apenas no tabuleiro da batalha, não na ambição de todos os envolvidos e não na capacidade e conhecimentos exigidos para produzir uma engenharia vencedora.
Chegada a KTM a este mundo onde se encontra a ‘crème de la crème’, é natural que sejam necessários vários degraus de aprendizagem e aquisição de informação para lutar e ombrear com gigantes que não só andam por lá faz muito tempo como ainda têm a capacidade financeira para escolher os melhores artesãos e os mais habilitados artistas.
E é aqui que entram duas acertadas decisões, duas escolhas cirúrgicas e inteligentes por parte dos austríacos:
A Tech 3, com uma ligação histórica e sólida na modalidade a uma das maiores marcas, pondo a trabalhar directamente Miguel e Guy Coulon, certamente uma das duplas com mais instinto para o aperfeiçoamento do binómio piloto/mota.
E a contratação de Dani Pedrosa, cuja condição física obrigou a um atraso seu no envolvimento deste projecto mas que trará por certo um dos ingredientes que farão da KTM uma potencial candidata ao título.
E então é altura de nos perguntarmos… serão assim tão desencontradas, segundo uns, ou injustas, segundo outros, as decisões que vão sendo tomadas pela equipa de fábrica?… pondo ao dispor de um Pol Espargaro que é rápido e intuitivo e de um Zarco que chega com títulos e que mostrou maturidade mal se apresentou entre os maiores, uma mota que está cada vez melhor, sabendo que ali à mão de semear e pronto a explodir estará um dos mais promissores pilotos de MotoGP?
Sejamos pragmáticos.
Num mundo de enorme escrutínio e pressão, a primeira e imediata equação a ser apresentada é a comparação directa entre quem trabalha em condições iguais, e nesse capítulo Miguel tratou de resolver o assunto com rapidez e matemática, tendo sido constantemente mais rápido e mais acutilante em todos os aspectos do que Hafizh Syharin.
Num outro plano, menos evidente aos olhos de quem segue o fenómeno à distância, mas ainda assim bem presente naqueles que seguem este mundo, as prestações de cada piloto, em treinos e em corrida, os tempos feitos e a regularidade que apresentam a um nível alto, o desenvolvimento que ajudam a criar bem como a forma como evoluem, todos estes factores são cientificamente observados e catalogados, por forma a fazer-se a melhor aposta quando se trata de contratar.
Por isso é que Miguel foi escolhido.
Por isso é que Miguel será escolhido.
E por falar em caminhos…
Este fim-de-semana em que houve Le Mans, houve também CNV em Portimão, com vitórias e glória de futuros ídolos, houve até recordes batidos.
Que tal sermos um pouquinho mais curiosos e ir espreitar os nomes de quem lá correu?