Andando nós por aqui na roda do Miguel, que é como diz o título ali em cima, esvoaçando dependurados nas asas do falcão, andaremos para trás e para a frente, para a frente e para trás, tal qual Oliveira quando entra e sai da sua boxe buscando o detalhe exigido para a melhor afinação que lhe trará o crono desejado, e, no nosso caso, a melhor afinação possível será a da arrumação das letras em escrita que vos traga cada vez um pouco mais do 44 que nos encantou e do 88 que o mesmo nos há de fazer, e se isto não é premonição é desejo, e não o será de um somente, mas de mãos--cheias de milhares deles, de gente como nós que, aos sábados e domingos, e sextas--feiras também, andamos zonzos do sofá para a bancada, da bancada para o asfalto, sempre e apenas desejando que a trajetória certa abençoe nosso menino.
Ufa, parágrafo grande, parecia aquela carga de segundos intermináveis por entre o acender do semáforo e o ‘”vamos lá todos então a isto”, quando aceleramos mentalmente nas curvas que o Oliveira fará, ele sim, de punho a fundo e bem rodado. Conta-nos o crono da vida e dos dias que tudo começou verdadeiramente quando ele, menino de muito poucos anos, entrou na sala e lá estava ela, a mota, esperando por ele no altar, e ele sorrindo e atirando-se para o chão, que é o que faz quem ama e tal não esconde.
Tudo começou, portanto, quando um pai perdeu o medo de deixar nadar o miúdo para águas de fora de pé, atirando-lhe com um oceano de dias pela frente, correndo nuns, correndo noutros e mais depressa, mais depressa ainda, galgando traçados, caindo e assim aprendendo qual é a porta que guarda o diabo e qual será aquela onde mora o arcanjo das décimas e centésimos ganhos.
Tudo começou, portanto, e já falámos ao de leve no assunto, quando um Paulo empurrou um Miguel ramo fora, ramo fora, para a pontinha frágil e final e a partir da qual já só se pode sair voando.
Antes desse momento, antes desse pedaço daquele dia, não havia ainda bandeiras de xadrez que se desejariam como loucas namoradas enquanto se domava um cavalo de aço com mil cavalos de coração.
Antes disso, não era o número 44 mais que dois quatros lado a lado, nem o 88 a evolução natural de quem duplica o mundo a um 44 ganhador. Mas quando tudo o descrito aconteceu, conjugaram os astros o enrodilhar de mil caminhos, que nos trouxeram a todos aqui, e quem diz aqui diz à Malásia, às Espanhas, às Américas e outras que tais, tão longe mas tão longe que só mesmo voando nelas, nas asas de Oliveira, saberemos que nunca o faremos sós.
Nem nós.
Nem ele.