Quando, quase a chegar aos 1500 anos depois de Cristo, aportou Vasco da Gama à Índia, chegado de barco e vindo de Lisboa, mal sabia ele, mal sabiam os locais e menos ainda saberíamos nós que nem por lá andávamos que, cerca de 515 anos depois, outro português, este vindo de Almada, descobriria um marcante caminho, este terrestre mas não menos inédito, de uma equipa de motociclismo indiana em direção ao pódio num Mundial de Velocidade.
De seu nome Mahindra, via assim Almada e Sepang tornarem-se dois marcos históricos na sua história de batalhadas pelejas.
E de novo e pelo mundo, atenção merecida por parte de um português mais, outro que como Vasco, o da Gama, veria o mesmo rio Tejo a apadrinhar o parto de tão geográfica proeza, um por dali zarpar, outro por à sua beira morar.
Miguel, Vasco, Almada, Sepang e Mahindra, não congeminando por certo planos de tão longo alcance, garantiam uma inesperada e renovada bênção conjunta, ombreando em imprevisível nomeação com o trio Allen, Vargas e Oliveira que por outras linhas oliveirenses se cruzaram.
E se somos, como pregamos, um povo que deu mundos ao mundo, se em cada pedaço de terra descobrimos resquícios de portugalidade, que triste seria chegar à maioridade, para não dizer à terceira idade, confinados a uma brutalidade e tacanhez que nos cerceassem qualquer arremedo de nos reencontrarmos em cada esquina.
Talvez que no desdobrar e descobrir de coisas que por aqui vamos trazendo e destapando tenhamos nós próprios trilhado um caminho principal, fugindo a distrações que pudessem desviar-nos da nossa linha de meta, que queremos percorrer de roda da frente levantada, olhando o céu e sem sermos os únicos.
Talvez, dizíamos, talvez não devêssemos descurar a pesquisa de um local mais, de uma palavra mais, neste cacho a guardar na memória, por nos trazerem em sua grandeza o voo deste Falcão.
Guardemos então duas mais.
De quem conhece também o sabor do frio de certas noites e o cansaço de quem nunca desiste.
Pai.
E Paulo.