Não vale a pena falar da hiperatividade do Presidente da República. Passou o ano de 2016 assim e é natural que em 2017 faça o mesmo. É um ruído permanente sobre coisas fúteis, um folclore muito apreciado pela opinião dominante de jornalistas e comentadores do sistema.
É a velha história dos afetos, de dar consolo a um povo triste e pobre que se contenta com circos de terceira categoria. Marcelo Rebelo de Sousa fala sobre tudo, opina sobre todas as matérias, adora a paz social decretada pelos sindicatos do PCP, promulga diplomas à velocidade da luz, como aconteceu com o Orçamento do Estado para 2017, e está sempre numa competição feroz com o primeiro-ministro em matéria de otimismo.
Se Costa fala no êxito do défice, Marcelo responde com o sucesso da dívida pública; se Costa enaltece a extraordinária escola pública, Marcelo corre para uma escola para dar uma aula e elogia quem lhe aparece pela frente. Neste país das maravilhas em que Costa e Marcelo são as Alices, todos sonham com crescimento económico, mas poucos são os que põem o dedo nas feridas que impedem Portugal de sair da pobre e vil tristeza de uma economia anémica há mais de 15 anos.
Na mensagem de ano novo, depois de um extenso rol de elogios às coisas maravilhosas que aconteceram em 2016, o Presidente da República lembrou ao governo que Portugal precisa de crescer mais e foi muito categórico no recado: 2017 tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado. Muito bonito, muito profundo, muito inovador.
O pior, como se sabe, é o resto. Marcelo Rebelo de Sousa anda tão entretido a dar afetos que não deve ter tempo nem pachorra para ler uns tantos números sobre a economia portuguesa. Uma maçada, uma dor de cabeça para quem lava tudo o que pode trazer sarilhos ou alguma crispação a uma sociedade que permanece pobre, inerte e conformada com a indigência de políticos e empresários.
Mas goste-se ou não, seja politicamente incorreto ou não, ou incomode os otimistas de serviço e os habituais lacaios do regime, a verdade é que Portugal cresceu 0,77% em 2002, primeiro ano com os euros em circulação, caiu 0,93% em 2003, voltou a crescer 1,81% em 2004 – ano do Europeu e dos elefantes brancos em forma de estádios que podem ser vistos no Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria e Loulé -, 0,77% em 2005, 1,55% em 2006 e 2,49% em 2007, fruto dos investimentos públicos faraónicos do primeiro governo Sócrates – bem à vista nas autoestradas, IC e IP sem custos para os utilizadores e sem carros, inúteis para os portugueses e para a economia.
Em 2008, a economia cresceu 0,20%, em 2009 caiu 2,98%, já com a crise internacional a bater com força, e voltou a crescer 1,90% em 2010, em resultado das injeções desesperadas de dinheiro do governo socialista na tentativa vã de fugir da bancarrota. Claro que em 2011, o ano da falência do Estado e da intervenção da troika, a economia caiu 1,83%; em 2012 foi para o poço com uma queda de 4,03%; em 2013 caiu 1,13%; em 2014, ainda caiu 0,89%; e voltou a respirar um pouco em 2015 com um crescimento de 1,6%. Em 2016, as previsões apontam para uma subida de 1,2% e, este ano, o PIB deverá crescer 1,4%.
É isto, senhor Presidente. Foi este o resultado da gestão a prazo e da definição e execução de estratégias de crescimento sustentado levadas a cabo por governos socialistas de Guterres e Sócrates e sociais–democratas de Barroso, Santana Lopes e Passos Coelho em 15 anos de moeda única.
Verdadeiramente brilhante, como se vê. Números que otimistas como Marcelo e Costa omitem dos seus discursos e que os homens e mulheres do sistema fazem questão de esconder. Se a este crescimento miserável se juntar o desastre da dívida pública impagável, que sobe sem parar, a fatura brutal dos juros da dívida pagos anualmente, os défices martelados para Bruxelas ver e aprovar, a engorda permanente do monstro estatal e a brutal carga fiscal suportada pelas famílias e empresas para alimentar o monstro, há razões de sobra para Marcelo e Costa andarem aos pulinhos cá dentro e lá fora, a enganar os tolos com mentiras piedosas sobre o presente e o futuro. Portugal, com esta gente, com estas políticas e com este sistema, não tem futuro.
Portugal, com esta gente, com estas políticas e com este sistema, não enriquece. Fica cada vez mais pobre e com mais pobres. Fica miserável.
Portugal precisa de algo e Marcelo, Costa, Passos ou Cristas não são a solução, são o problema. São os coveiros de uma nação que precisa de uma revolução. Uma revolução feita por homens e mulheres às direitas.
Jornalista