Depois da Volkswagen (VW), chegou a vez de a Audi chamar os donos dos carros manipulados às oficinas. Em causa estão os modelos A4, A5, A6 e Q5 com motor a gasóleo. A marca prepara-se agora para começar a reparar um total de 1,1 milhões de automóveis com motor 2.0 a gasóleo na sequência da fraude das emissões, em que se incluem os veículos portugueses.
Os primeiros modelos a serem reparados foram o Golf 2.0 TDI e o Amarok (todo-o-terreno) em fevereiro, mas está prestes a arrancar mais uma nova etapa para a marca. Isto porque, além da Audi, também já há “luz verde” para reparar mais unidades da marca Volkswagen, como o Tiguan da primeira geração, o Golf e o veículo comercial Caddy. Ainda no grupo VW, o regulador automóvel alemão (KBA) já tinha dado autorização para começar a reparar o Seat Exeo.
Esta indicação do regulador surge menos de uma semana depois de ter sido aprovada a reparação dos modelos CC, Passat e Eos – este último fabricado na Autoeuropa, em Palmela.
A Volkswagen adiou entretanto o prazo de reparação previsto para os carros com motores 1.2 a gasóleo, visto que ainda aguarda pela aprovação das reparações para outros modelos com unidades 2.0 a gasóleo.
A última etapa deste processo, nos motores 1.6 TDI, vai ser feita no terceiro trimestre de 2016 e envolve a instalação de um estabilizador de fluxo, uma peça cilíndrica colocada à frente do filtro de ar que suaviza o fluxo de ar, tornando a medição das emissões mais eficaz.
Ainda sem data marcada para a reparação estão os modelos da Skoda também afetados por esta situação.
Portugal conta com mais de 125 mil carros afetados por este escândalo descoberto em setembro do ano passado e que atinge 11 milhões de carros em todo o mundo. Com o mais recente avanço, 2,5 milhões de carros ficaram já cobertos por uma solução.
Reparações De acordo com a SIVA, a importadora portuguesa destas marcas, as reparações estão a decorrer a um bom ritmo, colocando Portugal “no topo dos países da Europa em taxa de realização”.
Segundo as contas da empresa, 80% dos modelos que foram aprovados pelo regulador alemão já foram intervencionados.
A reparação destes modelos deverá durar 30 minutos e consiste numa atualização de software, sem qualquer custo para o cliente. A Volkswagen assegura, no entanto, que as reparações não afetam o consumo, o desempenho e as emissões dos automóveis.
Ao mesmo tempo, a VW já veio prometer que vai assegurar o pagamento dos valores adicionais de imposto que venham a ser apurados.
Efeitos no grupo Os lucros da marca Volkswagen afundaram 86% no primeiro trimestre, baixando de 514 milhões para 73 milhões de euros, o que revela o impacto que o escândalo das emissões poluentes tem vindo a ter nas vendas da marca.
O grupo Volkswagen como um todo conseguiu aumentar os lucros em 3%, graças a efeitos financeiros, mas os resultados não escondem as dificuldades que enfrenta. Nos três primeiros meses do ano verificou-se ainda uma quebra de 3,4% nas vendas, para 50,96 mil milhões de euros.
Para contornar a situação foi feita uma provisão de 16 mil milhões de euros depois de ter sido conhecido o escândalo do kit fraudulento, em que quase metade dessa verba – cerca de 7,8 mil milhões de euros – vai ser reservada para suportar os riscos legais em todo o mundo. Ainda assim, o grupo Volkswagen reitera os seus objetivos para o ano de 2016 e promete uma reviravolta.
O presidente executivo do grupo, Matthias Mueller, já veio garantir que “2016 será um ano de transição para a Volkswagen e teremos a Volkswagen a fazer um realinhamento fundamental do grupo”. Em meados deste mês, a empresa irá dar a conhecer um plano plurianual, até 2025, envolvendo uma reestruturação estratégica do grupo, com aposta nos veículos elétricos e nos equipamentos eletrónicos.
Para esta semana está marcado o início das negociações entre a administração da Volkswagen e os representantes dos trabalhadores para debater o futuro das fábricas na Alemanha. O objetivo da empresa é simples: reduzir custos sem despedir trabalhadores e, para já, as negociações estão focadas apenas na marca Volkswagen.
Recorde-se que as duas partes apresentaram em maio uma declaração conjunta que dava conta de um “entendimento” para analisar os desafios criados na sequência da fraude das emissões.
“Temos de melhorar a produtividade e a rentabilidade e reduzir custos. Depois, a Volkswagen pode e deve voltar a ser um motor de emprego”, sustenta o responsável de recursos humanos do gigante automóvel alemão.